Mais de um milhão de passageiros estão sendo afetados, nesta quarta-feira (30), por uma greve do transporte na Argentina, a qual não inclui o sindicato de ônibus, em rejeição ao ajuste fiscal do presidente ultraliberal Javier Milei, ao aumento da pobreza e à tentativa de privatizar a companhia estatal Aerolíneas Argentinas.

“Há mais de um milhão de passageiros afetados e mais de 1.800 trens sem circular”, informou à AFP um porta-voz da estatal Trenes Argentinos, que opera as principais linhas de passageiros de Buenos Aires.

Além dos principais sindicatos ferroviários, se juntaram à greve os de transporte fluvial, aeronáutico, taxistas, metrô e caminhoneiros, afetando também o transporte de mercadorias.

“Há um setor importante da população que está passando por dificuldades”, comentou Pablo Moyano, secretário-adjunto da principal central sindical argentina, CGT.

“Hoje estamos defendendo a soberania do transporte nacional, em todas as modalidades, para que não sejamos invadidos por estrangeiros por dois mangos (duas moedas)”, disse à Radio 10.

A Aerolíneas Argentinas indicou em um comunicado que 27.700 passageiros e 263 voos foram afetados.

Funcionários públicos, universitários, estudantes e outros sindicatos também se uniram contra o ajuste do governo e a desvalorização dos salários, enquanto movimentos sociais anunciaram cozinhas comunitárias e bloqueios de estradas em todo o país.

“Estamos lutando não apenas por questões setoriais, mas pela educação, saúde, aposentados e por tudo o que este governo está destruindo”, declarou na terça-feira o secretário-geral da Associação Argentina de Aeronautas, Juan Pablo Brey.

O principal sindicato de motoristas de ônibus, que não aderiu à greve e havia programado uma paralisação para quinta-feira, anunciou sua suspensão porque chegou a “um princípio de acordo” de recomposição salarial com o governo, informou a imprensa.

O secretário de Transporte, Franco Mogetta, disse à rádio Mitre que a greve é “um boicote político de um grupo de dirigentes que está olhando para seus próprios interesses”.

Desde sua posse em dezembro, Milei implementou duras medidas de desregulamentação da economia e cortes no gastos públicos, resultando em um superávit nas contas públicas.

Mas a economia doméstica sofre com uma recessão, com uma inflação que em setembro foi de 209% e uma pobreza que na primeira metade do ano alcançou 52,9% da população.

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