30/10/2024 - 11:26
A jornalista Fernanda Chaves, que trabalhava como assessora de Marielle Franco (PSOL), depôs no julgamento de Élcio Queiroz e Ronnie Lessa, assassinos confessos da vereadora, realizado nesta quarta-feira, 30, pelo TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro).
Confira a transmissão ao vivo:
Fernanda Chaves estava no mesmo carro em que Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram mortos a tiros em 14 de março de 2018. Os irmãos Domingos e Chiquinhos Brazão foram apontados como os mandantes do crime.
Atentado contra Marielle
A mulher relatou que estava vendo fotos no celular com a vereadora antes de ouvir a rajada de disparos que atingiu o veículo. “Em um ato de reflexo eu me encolhi e me enfiei atrás do banco do Anderson. Nesse momento os tiros já tinham atravessado a janela. Eu pude perceber que o carro continuava em movimento.”
Segundo a assessora da psolista, a vereadora “não disse absolutamente nada” e o motorista do veículo “esboçou dor” em um “suspiro”. “Notei o braço direito dele soltar do volante. Marielle estava imóvel. […] Estava sem cinto, por isso consegui me abaixar”, apontou. Fernanda Chaves contou que se projetou para frente e fez o carro parar.
Durante o julgamento, a jornalista afirmou que conseguiu “sentir o peso do corpo” de Marielle após a vereadora ser baleada, apesar do cadáver da vítima não ter caído sobre ela. “Ela estava o tempo todo da viagem do meu lado direito, de onde vieram os tiros”, explicou.
A mulher disse que o corpo de Marielle não caiu pelo fato de a vereadora estar com cinto de segurança. “O braço dela, a perna dela, o peso do corpo dela eu pude sentir”, contou. “Eu achava que tinha passado por um tiroteio. Abri a porta, desci engatinhando do carro, com muito cuidado, olhei para trás e percebi que não tinha nada. […] Estava muito suja de sangue e comecei a gritar por socorro.”
‘Tive que sair do País’
Segundo a assessora de Marielle, sua vida perdeu a normalidade depois do atentado e precisou receber atendimento psicológico depois do ocorrido. “Tive que sair do País. Fui orientada a sair imediatamente da minha casa para aguardar o tramite da anistia internacional. […] Meu marido fechou o escritório dele e teve que ir comigo”, comentou Fernanda Chaves, acrescentando que o assassinato também mudou a vida de sua filha, que tinha seis anos.
De acordo com Fernanda Chaves, a vereadora não se sentia ameaçada por organizações criminosas. “Era uma mulher negra que falava sobre questão racial, fazia críticas sobre a condição de operações policiais em favelas, por exemplo. Então claro, ela tinha esse cuidado. […] Mas assim, ela não se sentia ameaçada”, declarou a jornalista.