Em entrevista ao Roda Viva, João Campos afirma que centro-esquerda precisa fazer autocrítica e buscar união

João Campos no programa Roda Viva
João Campos no programa Roda Viva Foto: Reprodução/Instagram Roda Viva/Nadja Kouchi

O prefeito reeleito de Recife, João Campos (PSB), foi o convidado do programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira, dia 28. Durante sua sabatina, ele disse acreditar que as últimas eleições mostraram um crescimento do centro e da centro-direita no Brasil e que a esquerda necessita fazer uma autocrítica.

“É preciso fazer, sim, uma autocrítica e uma avaliação”, disse. De acordo com ele, a empatia é um vínculo que é fundamental e que é necessário que a esquerda entenda que sua forma de comunicação precisa mudar, mas que precisa ser consequência do que os candidatos realmente são. “A direita tem uma maioria na presença nas redes. Isso aproxima e a esquerda precisa ter essa leitura”, disse.

De acordo com o prefeito, as pessoas estão buscando políticos que mostrem ação e bom trabalho. Segundo ele, por conta disso, muitos eleitores votaram pela reeleição dos antigos prefeitos. “Eu acho que essa eleição se deu no campo do trabalho. Há um crescimento do centro e da centro-direita e esse é um resultado que, a mim, não surpreende. Quem está em contato com a rua sentia que tinha uma tendencia majoritária nesse sentido”, disse.

João Campos acredita que a polarização saiu mais enfraquecida das eleições. Ele afirmou que a população está “mais desejosa de quem pode realizar no dia-a-dia”. “As pessoas querem saber o que funciona”, disse. Para exemplificar seu raciocínio, ele usou como argumento o fato de ele ter sido votado por muitos evangélicos em sua reeleição. Segundo ele, as pessoas usam a cidade e suas obras e não são resumidas ao fato de serem “só evangélicas”.

“O que parece é que as pessoas estão buscando as pautas que dividem. As pessoas querem buscar alguém que junte”, afirmou o prefeito reeleito. Segundo ele, é preciso compreender que as candidaturas no Brasil estão cada vez mais “estridentes”, mas que as pautas precisam trazer o debate para o que é concreto.

O prefeito também foi questionado sobre o fato de as forças de esquerda mais relevantes no País, como o PT e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, terem investido no nome de Guilherme Boulos (PSOL) para a prefeitura de São Paulo, sabendo que o eleitorado da cidade é bastante conservador.

Ao responder, João Campos fez elogios à deputada federal Tabata Amaral (PSB), que é sua namorada. “Eu diria que a Tabata fez a melhor campanha de São Paulo. Tabata teve uma vitória política, saiu maior do que entrou. Foi vencedora dos debates e se mostrou como candidata e política. Para ganhar a eleição era preciso ter a Tabata no segundo turno”, disse ao afirmar que as eleições da capital paulista foram “esquisitas”.

O político também foi questionado sobre uma possível candidatura sua para governador de Pernambuco em 2026. Segundo ele, é impossível fazer uma previsão sobre o que acontecerá daqui dois anos.  Mas prometeu trabalhar ainda mais e melhor como prefeito de Recife e “fazer o dever de casa”.

“Não tem como, dois anos antes, você cravar quem vai ser candidato em 26. Ninguém é candidato de si. Isso não é uma decisão individual”, disse afirmando que no “no tempo certo” uma possível candidatura será decidida. “As coisas não devem ser antecipadas”, analisou. No entanto, ele afirmou que Lula terá seu apoio caso queira tentar uma reeleição para presidente do País.

Questionado sobre um possível sonho de ser presidente do País, João Campos fugiu da resposta e afirmou apenas que quer ser o melhor prefeito que Recife já teve. Ao ser pressionado pelos jornalistas por uma resposta, ele afirmou que, quando perdeu seu pai, Eduardo Campos, em 2014, ele aprendeu a viver um dia de cada vez.