Apresentadora da Record, Ticiane Pinheiro deixa o bom humor e a irreverência por onde passa, desde quando começou a sua carreira, ainda na infância.
Aos 48 anos de idade, casada com o jornalista César Tralli e mãe de duas meninas — Rafa Justus, 15 anos, e Manu, de 4 —, a comunicadora se divide em várias personas para dar conta da rotina agitada de comandar um programa diário ao vivo na TV, empreender, encabeçar campanhas de moda, cuidar das herdeiras e tirar um tempinho para curtir um clima a dois com o companheiro.
Em entrevista ao IstoÉ Gente Como a Gente — projeto do site IstoÉ Gente que aborda o lado pessoal e espontâneo de personalidades brasileiras —, a jornalista falou sobre abrir mão de alguns desejos para seguir carreira artística desde criança, pontuou realizações profissionais e pessoais ao longo da vida, refletiu sobre a relação com sua mãe, Helô Pinheiro, e fez um balanço dos dez anos de união com Tralli.
Ticiane, inclusive, revelou o que teria feito de de diferente na vida se ela pudesse voltar no tempo:
“Eu teria liberado mais filhos. A gente teve a Manu e ele [Tralli] falou para esperarmos um ano para tentar de novo, mas ele queria ter essa oportunidade de ver o crescimento dela e acho que a gente demorou muito para tentar o segundo”, declara.
A influenciadora digital ainda falou sobre sua cena censurada em uma novela, descartou o estereótipo de “patricinha” e defendeu a importância de ir contra os ataques aos corpos das mulheres nas redes sociais.
Confira a entrevista completa abaixo:
IstoÉ Gente: Como é a rotina de apresentar programas diários e ao vivo há tantos anos?
Ticiane Pinheiro: Eu adoro programa ao vivo, porque é aquela coisa, primeiro você sabe a hora que vai entrar e a hora que você vai sair, né? Eu que, por exemplo, fui modelo muitos anos, começava um trabalho sem saber a hora que ia acabar. E quando eu fiz novelas também, algumas participações, chegava lá e não sabe a hora que ia embora.
Então, programa ao vivo é muito legal por isso também, por ter a hora de começar, a hora de acabar, e por ser uma coisa do ao vivo, assim, que errou, você tem que arrumar na hora e essa espontaneidade que eu sempre tive, gosto de brincar, de tirar sarro. Então, às vezes, no gravado, acaba sendo muito engessado, porque eles tiram esses momentos que são muito legais, né? Que é tipo os bastidores na TV, que é o ao vivo. Então, eu amo fazer, aprendi a fazer o “Programa da Tarde” ao vivo e foi muito legal. Eu não sabia nem ler TP, não sabia nada, e aí foi a experiência que foi rolando, né? E o “Hoje em Dia” eu já leio TP conversando mesmo com o público, mas isso, claro, que foram vários anos, assim, até me habituar.
O nervosismo sempre existiu, porque é um programa ao vivo. Até hoje, se eu tenho que ler uma cabeça sobre um jornalismo, alguma coisa mais tensa, eu fico tensa e dá aquele frio na barriga, mas se é para falar alguma coisa no “Diário das Celebridades”, falar dos artistas, ou no “Aconteceu no Mundo”, que a gente fala sobre as coisas que acontecem no mundo, as curiosidades, aí eu fico mais à vontade. Então, tem coisas que a gente fica mais tensa, mas o programa ao vivo é legal, e eu acho que o dia que eu não sentir mais esse frio na barriga acabou a graça, né?
Como conciliar a vida de apresentadora e mãe com a campanha de moda “Elas”?
TP: É uma marca que me acompanha há muitos anos, eu já fiz com eles sete coleções e é essa última que a gente fez com essas mulheres incríveis. Eu concilio essas duas carreiras, porque eu faço meu programa ao vivo até 12h, depois do 12h eu marco reuniões, entrevistas ou campanhas, ou deixo um dia livre para cuidar só da Rafa e da Manu, para levá-las no médico, ou em uma festa, enfim, a gente vai sabendo balancear para dar tudo certo.
Comecei como modelo muito nova, né? Já fui até seis vezes para o Japão, Milão, trabalhei muito como modelo aqui em São Paulo, e eu sempre gostei muito de fotografar, de trabalhar, mas o que eu gostava mesmo é fazer comerciais de TV. Essa campanha incrível que a gente faz da “Flor de Lis”, que sou eu, a Giovana Cordeiro, a Fernanda Mota e a Mariana Rios, é um projeto da marca “Flor de Lis”, que eu sou embaixadora. Comecei um namoro com essa marca, porque eu já usava muitas roupas durante o programa “Hoje em Dia”, e eu comecei a gostar das roupas. Até que um dia eles me convidaram para fazer uma campanha, deu super certo e depois eu virei a embaixadora, fiz uma collab junto com eles.
Agora surgiu essa ideia de fazer essa grande campanha com mulheres empoderadas e foi muito legal, porque eu, a Fê e a Mariana já nos conhecíamos há muitos anos, então a gente já tem uma afinidade muito legal. Aí veio a Giovana para somar, que é uma mulher incrível, foi um dia de festa no estúdio, de muita alegria, muita risada, e é um projeto lindo, eu estou super feliz. Eu já tive também a oportunidade de fazer junto com a minha mãe, uma campanha também da “Flor de Lis”, que foi lindíssima, a gente fez no Rio de Janeiro, foi bem legal.
Quais os bônus e os ônus de começar uma carreira aos 7 anos?
TP: Acho que vendo sempre o exemplo da minha mãe, que apresentava o “Ela”, um programa na Bandeirantes, eu sempre ia assistir, ficava encantada com o estúdio, com TV, além de tudo, eu tinha assistido o filme do “E.T.”, eu era louca para ser aquela menininha do filme, era apaixonada pela Simony apresentando o “Balão Mágico”, então eu sempre gostei desse mundo, nasci nesse mundo vendo a minha mãe, sempre um ídolo para mim, um exemplo.
Então, eu não tive ônus nessa época, eu tive sempre bônus. Eu ia para a escola, saía da escola, ia para um programa de TV, onde eu me divertia, que a gente fazia propaganda dos bonecos Menudo, a gente ia comer pizza da Cristal, então assim, eram vários merchans no programa e tudo divertido, tinha um monte de criança, tinha musical, aquilo não era um trabalho para mim, era uma diversão, sempre foi.
Conforme eu fui crescendo, que daí eu fui tentando ser atriz, fiz alguns cursos, algumas participações em novelas, fiz “Sítio do Picapau Amarelo”, conforme eu fui crescendo acho que nessa fase dos meus 14 anos, o que eu perdia eram os finais de semana, as matinês, porque eu fazia, por exemplo, teatro infantil com a minha mãe, então sábado e domingo a gente fazia o “Pequeno Príncipe”, eu era raposa, ela era serpente, e a gente ia para o teatro Caetano de Campos, se apresentava e tal.
Nos finais de semana, eu lembro que tinham várias festinhas, matinês, e era bem naquela época do crush, aquela paquera de repente ficava com a sua amiga, porque você não ia estar nas festas, então esse foi o meu ônus, perder um pouco dessa fase que minhas amigas ficavam comentando e eu não. E aí eu procurava chamá-las sempre para o teatro, elas não aguentavam mais, mas todo final de semana eu falava: “Vocês vão comigo!”, as levava para me assistir, que era uma coisa que eu amava.
Claro que eu amaria também estar nas matinês com elas e tal, mas eu acho que eu sempre gostei tanto de estar ali no palco, de estar apresentando alguma coisa, de estar na TV, de estar nesse meio artístico, que pra mim não importava muito, sabe? Foi uma coisa que eu sempre amei muito, tanto que às vezes eu falo para a Rafa: ‘Você não é que nem eu, você não tem esse gosto, de fazer”. Chamam ela para fazer uma campanha, alguma coisa, ela fala: “Ah, será?”. Ela fica meio assim e eu falo para não fazer então, porque eu sinto que ela não ama. Eu era apaixonada, então eu sempre queria, para mim isso era o primeiro lugar, depois estar com os amigos, brincar.
Chegava do teatro, brincava de polícia e ladrão até as 23h da noite no prédio, para mim estava feito, entendeu? Ou de boneca em casa.
Após interpretar uma ninfeta em “Kananga do Japão”, aos 12 anos, qual a sua opinião sobre a abordagem de temas como exploração infantil em novelas?
TP: Depois do “TV Criança”, que eu apresentei com 7 anos, eu fui apresentar o “Balão Mágico” com 9 anos, substituir a Simony, que era um sonho, fiz teste com um monte de criança, e fiquei super feliz quando passei. Fiquei no “Balão Mágico” até a Xuxa entrar, isso para mim foi um sonho realizado.
Depois, eu comecei querendo ser atriz, comecei a fazer um monte de curso, fiz o curso do Beto Silveira, fui par o Rio fazer Antônia Manso, fiz Daniel Herrs, Fátima Toledo, comecei mesmo a me preparar. E aí eu fui convidada para fazer com 12 anos a novela “Karanga do Japão”, na TV Manchete, pelo Jaime Monjardim e a Chizuka Yamazaki.
E quando eu estava lá, eles falaram: “Olha, você vai ser a ninfeta do bodel, vai entrar em uma bandeja e vai ter que aparecer nua”. E era o papel que a Brooke Shields tinha feito em “Pretty Baby”. E eu tinha assistido ao filme, tinha amado.
E na minha cabeça eu já era uma atriz, sabia o que eu queria, não conseguia ver pudor, porque eu estava fazendo um papel de uma personagem que a Brooke Shields fez, que foi maravilhosa. Então, eu ia chegar em uma bandeja, só que o juizado de menor proibiu. E aí eu não cheguei, então, nua, como eles falaram, porque a princípio eu ia ser nua com véu, mas eu entrei de roupa em uma bandeja e fui entregue nesse bordel.
Nos dias de hoje, eu acho que isso não existiria mais, né? Porque alguns pontos foram colocados. Eu acho que hoje em dia a gente tem uma cabeça mais aberta, a gente sabe o que é certo e o que é errado, o que é bacana de mostrar, o que não é bacana de mostrar. A gente sabe que tem uma família assistindo às novelas, então, com certeza, hoje, isso seria banido, não seria uma coisa legal. Acho que hoje em dia a gente tem uma certa proteção, a gente acaba até mostrando coisas que não são bacanas. Então, hoje em dia, com certeza, isso não iria para o ar.
Mas naquela época era uma coisa muito mais solta, as pessoas não tinham tanta informação. E eu fiz papel na novela, e para mim foi muito legal. Eu trabalhei com grandes artistas, para mim foi o maior aprendizado. E logo depois, eu fui convidada para fazer na Manchete uma noviça rebelde, eu era do convento, o oposto total do personagem, foi muito legal.
Como foi crescer sendo filha de Helô Pinheiro, a eterna Garota de Ipanema?
TP: Eu sempre estava com a minha mãe ali, acho que eu fui a única filha que foi para esse lado artístico, eu sempre amei. Então, a minha relação com minha mãe foi sempre de admiração. Acho que ela é uma pessoa que está há tantos anos na televisão, no mercado artístico, no mercado de trabalho e não tem nenhum escândalo, nenhuma polêmica. Então, ela é uma mulher muito forte, muito guerreira, sempre foi muito batalhadora, eu sempre me inspirei muito na minha mãe.
Vários trabalhos que eu faço com ela hoje em dia para mim é um grande presente, porque ela é uma super amiga. Minha mãe tem 81 anos, mas ela tem um espírito muito jovem, as minhas amigas adoram minha mãe, ela topa tudo, é super divertida e tal. Então a minha relação com ela sempre foi muito legal.
E quando eu era pequena, as pessoas falavam: “Ai, você vai ser a Garota de Ipanema do ano 2000′. Eu falava: “Gente, eu não quero ser a Garota de Ipanema, eu quero ser atriz, eu quero ser apresentadora”. Então eu ia para outro lado, que foi o lado que minha mãe foi também, como jornalista.
Eu fiz jornalismo, me formei na Fiam, que foi a mesma faculdade que minha mãe se formou, porque eu queria fazer o que minha mãe fazia. Então, ela sempre foi um exemplo muito bom, a gente tem uma relação super legal, eu sou muito grata pela minha mãe por tudo. Eu nunca quis na vida decepcionar meus pais. Eu sempre quis fazer as coisas certas, sabe? Porque eu não queria nunca decepcioná-los. E eu acho que isso que me fez chegar hoje aonde eu cheguei, com os valores, com tudo que eu tenho, porque eu sempre tive essa admiração muito grande pelos meus pais.
Qual o seu maior sonho?
TP: Eu sou formada em jornalismo e em cinema, e eu tenho muita vontade de fazer o filme Garota de Ipanema e de interpretar a minha mãe no filme. É um sonho que eu tenho, que minha mãe também tem, um sonho em conjunto. Vamos ver, né? É que fazer cinema no Brasil é mais difícil, ainda mais que tem que pegar os direitos da música, é mais complexo, não é tão fácil, mas eu tenho esse sonho de um dia interpretar minha mãe no cinema.
Suas filhas já deram sinais de que também querem seguir a carreira artística?
TP: A Rafa é muito rápida, muito inteligente, sabe editar, gravar, ela é muito boa. Eu sempre achei que ela tinha que ter um canal no YouTube. O problema é que a escola puxa muito, ela fica na escola até 15h30, tem curso, faz beach tennis, aula de música. Então a vida é muito corrida, não dá.
Chegam várias coisas para ela, e ela vê o que ela quer. Quando ela quer, ela faz. A gente fez uma campanha muito legal, eu e minha mãe e ela, um dia das mães assim, foi super legal, ela quis.
Tudo eu pergunto para ela. Ela não é aquela coisa que ela aceita, ela faz umas coisas pontuais, que ela acha bacana. Mas eu dou apoio total, acho que se for uma coisa que ela quer, “mãe, eu quero ter um canal do YouTube”, ou “mãe, eu quero ser influenciadora”, ou “mãe, eu quero ser apresentadora”, eu vou dar super apoio.
Só que ela ainda não sabe muito o que quer. A Rafa tem um engajamento muito grande […] é uma menina que teria muita capacidade para ser uma grande influenciadora, ou para ser uma grande Youtuber, só que ela não investe. E eu deixo ela no tempo dela, o dia que ela quiser realmente, que ela sentir essa vontade, se o mosquitinho picar, eu acho que ela vai longe. Mas ela ainda não sabe, ela vai fazer a IB [estudar fora do Brasil] ano que vem, está muito focada ainda para o estudo, para se descobrir.
Ela já falou que queria ser veterinária, agora não quer mais, já falou de psicóloga, agora eu falo que ela é muito boa de argumento, que ela tinha que ser ou juíza ou advogada. Eu deixo ela escolher, não forço nada, porque minha mãe nunca me forçou a nada, e eu sempre fiz o que eu quis, e ela me deu apoio. Ela e meu pai sempre me apoiaram muito, e eu quero que com a Rafa seja igual.
A Manu já é muito descolada também, muito desinibida e tal, mas se ela quisesse também fazer alguma coisa na TV, eu ia dar total apoio, porque eu tive muito apoio dos meus pais. Então eu vou dar apoio para elas, o que elas precisarem, eu vou estar ali. Eu sei que a Rafa ia ganhar muito dinheiro, e eu ia adorar, né? Fica aí com o seu dinheiro, cuida aí do seu dinheiro, e eu fico aqui só aplaudindo. Mas por enquanto o bichinho ainda não picou.
Como é a Ticiane atrás das câmeras?
TP: Eu sou paulista, mas minha família é toda carioca, e eu sou mais desse lado carioca, menina de praia. Então eu não sou muito de me arrumar.
Claro, no final de semana eu fico mais sem maquiagem, passo batonzinho e um rímel para sair. Mas no meu dia a dia eu estou sempre maquiada por conta do programa ao vivo, né? Eu saio de casa com um tênis, uma calça jeans, uma camiseta, vou para o programa, saio de lá sempre com o cabelo arrumado, maquiada e tal. É ótimo, porque daí eu já estou pronta para qualquer programa à noite, sair com os amigos, ou com o meu marido para jantar, algum evento.
Mas o meu final de semana sou eu muito de roupa de ginástica, com as crianças, fazendo alguma coisa. E se eu vou sair para jantar, eu passo um rímel, porque não sei me maquiar, então eu só faço isso: um blush, um batom e um rímel. Como eu acho que eu já fico muito arrumada para o programa, no final de semana parece que você está a fim de ficar mais relaxada, mais tranquila, mais à vontade. Então eu não sou aquela patricinha 24 horas [risos].
Por que ainda existe tanta pressão em cima da imagem das mulheres?
TP: As pessoas cobram muito, né? E são mulheres cobrando mulheres e isso é muito triste. Porque, por exemplo, os artistas estão sempre maquiados, estão sempre arrumados, então as pessoas que encontram a gente na rua acham que a gente tem que ficar igual a gente está na TV. Não é que é um personagem, é porque na TV a gente está sempre bonita e tal, porque, sei lá, é o padrão, né? De você estar maquiada, de você estar arrumada, enfim. Então, às vezes, na rede social é a sua vida, o bastidor da televisão é a sua casa.
E as pessoas, às vezes, apontam dedos, do tipo “ai, mas ela é muito mais bonita maquiada”. Claro, qualquer um é mais bonito maquiado, não existe ninguém que não seja mais bonita quando está maquiada. Maquiada a gente sabe como realçar os olhos, como fazer um blush que deixa a bochecha mais marcada, um cabelo mais elaborado.
Então, eu acho triste isso e acho que a mulher tem que aprender a valorizar mais as mulheres, a elogiar mais as mulheres, porque é muito chata essa cobrança. Uma mulher vai envelhecer, o homem vai envelhecer, a gente envelhece com o passar do tempo e as pessoas têm que parar com isso. Mas também acho que quem mais fala são os haters, pessoas que entram ali para fazer o mal mesmo. Eu acho que as pessoas que falam são pessoas que realmente têm uma profissão, que é entrar na internet como anônima e falar mal dos outros.
Você fez questão de continuar a amizade com seus ex-enteados. Como é a relação com a família Justus?
TP: Meus enteados eu super adoro, tive uma convivência de oito anos, quando eu fui casada com o Roberto [Justus], e não é por isso que eu vou abandoná-los. A gente tem uma ligação, eu e a Fabiana, eu e o Ricardo, a Fran, a mulher do Ricardo, o Bruno da Fabiana, a Luísa, enfim, a gente se dá bem, não dá para você conviver oito anos com uma pessoa e depois você falar “tchau”. Não, a gente é amiga, a gente se encontra, quanto mais pessoas vierem para mim, melhor.
Qual o balanço dos dez anos de relacionamento com César Tralli?
TP: Eu acho que cada vez a gente fica mais cúmplice. Eu tive muitos relacionamentos em que existia muito ciúmes dos dois lados, sabe? Isso nunca foi saudável. Com o César eu encontrei uma relação em que eu posso confiar e ele pode confiar. Eu tenho a senha do celular dele, ele tem a senha do meu celular, a gente tem uma troca muito legal. E essa confiança a gente foi ganhando com o tempo. O César era uma pessoa que nem queria casar, não queria ter filho.
Mas vendo a Rafa ali, vendo a nossa relação, ele ficou louco para ser pai e a gente acabou casando, tendo filho. Eu acho que a gente tem uma cumplicidade muito legal. Ele trabalha muito, eu trabalho muito, mas a gente sempre quer estar junto. Então, uma vez por semana, a gente tenta sair para jantar para bater-papo, só eu e ele, porque se está em casa, tem a Rafa, tem a Manu, então a gente namora os dois, conversa, toma café da manhã todo dia juntos, a gente faz questão de jantar todos os dias juntos.
Eu tento não trabalhar de final de semana para ficar com ele, às vezes ele tem que trabalhar, vai para o Rio para fazer o jornal [Jornal Nacional], mas a gente luta para estar juntos. Eu acho que isso é muito legal, a gente talvez não tenha tanta quantidade, como vários casais que ficam mais tempo juntos, mas quando a gente está junto tem muita qualidade mesmo. Fomos construindo esse respeito, essa cumplicidade ao longo dos anos.
O que você faria de diferente na sua vida se você pudesse?
TP: Eu acho que teria liberado filhos, eu acho que eu teria tido mais filhos com ele [Tralli], sabe? A gente teve a Manu, ele ainda falou “vamos esperar um ano e depois a gente tenta de novo”.
E nesse um ano eu falava que a idade estava passando, era bom a gente não esperar, mas ele queria ter essa oportunidade de ver o crescimento [da Manu], o ano como ia ser, e acho que a gente demorou muito para tentar o segundo [com ele].
O que eu faria diferente era ter tentado antes, não ter esperado esse um ano, ter deixado a vida me levar, porque eu amo criança, o César também, e hoje ele fala que ele gostaria de ter mais, e eu também gostaria de ter mais, e a gente vai tentando, vamos deixando a vida levar. A vida ainda não levou, mas está ótimo assim, eu tenho duas e eu sou muito feliz, mas se tivesse três, quatro, eu ia ficar mais feliz ainda.