O ex-presidente da Bolívia Evo Morales compartilhou em sua página de Facebook um vídeo que afirma ilustrar os momentos após sofrer um atentado. Nas imagens, é possível ver os vidros do carro em que Morales está cobertos de tiros e o motorista com um ferimento na cabeça e sangue espalhado pelo corpo.

O vídeo de quatro minutos é filmado do banco de trás por uma mulher que grita que estão tentando matar os passageiros. Morales também telefona para alguém para contar o que está acontecendo. O carro para ao lado de um grupo de pedestres, a quem o ex-presidente solicita que fechem a rodovia para impedir uma perseguição.

Assista ao vídeo:

“Fomos interceptados por dois veículos, aparentemente [Toyotas] Tundras, de onde desceram quatro homens encapuzados e vestidos de preto, armados, que começaram a atirar”, afirma a legenda do vídeo publicado por Morales.

Ainda não houve manifestação oficial do governo sobre o caso. Segundo o jornal La Razón, o vice-ministro de Segurança Cidadã do país, Roberto Rios, afirmou a jornalistas locais que “como autoridades, temos obrigação de investigar qualquer denúncia, seja verdade ou mentira”.

As imagens se somam a uma série de outras denúncias feitas por Morales em suas redes sociais neste final de semana. Duas fotos de um carro alvejado de balas foram publicadas no sábado com afirmações de que seriam resquícios de outro atentado contra um aliado político, o advogado Pueblo Nelson Cox.

Há ainda outros dois vídeos compartilhados no sábado que Morales afirma serem imagens de uma invasão da organização sindical Federación Especial de Trabajadores Campesinos del Trópico “por grupos vandalos contratados por Manfred Reyes Villa, aliado eleitoral de Luis Arce [atual presidente do país]”.

Conflitos no país

Os atentados ocorrem em meio a um protesto que dura ao menos 14 dias. Aliados de Morales bloqueiam rodovias para demandas em ao menos 16 pontos do país, segundo informações do jornal La Razón. Manifesto publicado pelo ex-presidente afirma que há uma perseguição em curso a ele e a seus aliados, assim como a organizações sindicais.

Em sua última postagem na rede social X, feita no sábado,26, o presidente Luiz Arce afirma que confia a polícia removeu 12 pontos de bloqueio. ” Não permitiremos que o interesse de uma pessoa se sobreponha ao bem-estar coletivo”, diz.

O governo criticou Morales por “desestabilizar” o país com duas semanas de bloqueios de estradas que congestionaram o fornecimento de alimentos e combustível em todo o país. Também o acusou de tentar “interromper a ordem democrática”.

Em um comunicado, o governo afirma que alguns grupos aliados a Morales estão armados e alertou sobre a violência, citando 14 policiais feridos ao tentarem romper os bloqueios.

Morales e Arce, seu ex-ministro da Economia, fazem parte do mesmo partido político socialista MAS, mas entraram em conflito cada vez mais no último ano, como parte de uma luta pelo poder antes das eleições de 2025.

O país também está lutando contra a diminuição da produção de gás, o esgotamento das reservas de moeda estrangeira e o aumento da inflação, o que está pressionando o partido governista e levando a disputas políticas internas cada vez mais confusas.

Morales também está enfrentando alegações de que teve relações com menores de idade. Ele foi formalmente convocado por promotores regionais para testemunhar no caso, mas não compareceu e agora enfrenta um mandado de prisão. Morales nega veementemente as acusações.