Cintia Abravanel, 61 anos, é conhecida popularmente como uma das herdeiras de Silvio Santos (1930-2024). Porém, o que nem todo mundo sabe, é que sua filha “número 1” – como o apresentador enumerava suas crias -, fruto de seu casamento com Aparecida Vieira, a Cidinha, é artista plástica e busca unir o requinte de suas obras de arte ao público que acompanha a sua família na TV.

Em entrevista exclusiva ao site IstoÉ Gente, a artista conta como recebe suas inspirações para compor instalações, pinturas em tela e peças em acrílico, além de recordar a época em que sofreu rejeição no SBT e negar qualquer desconforto familiar por ter ficado atrás das câmeras, diferentemente das irmãs Patricia, Silvia e Rebeca, que assumiram os comandos do “Programa Silvio Santos”, a programação infantil de desenhos e o “Roda a Roda Jequití”, respectivamente.

“Eu faço parte do conselho, mas eu acho que cada um tem que ter o seu espaço. Eu sou uma diretora artística e a minha personalidade está no meu trabalho voltado para criança, mas a Silvia está lá na área da criança”, declara ela, que trabalhou no Centro Cultural Grupo Silvio Santos antes de ele ser fechado.

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“Eu tive essa liberdade do meu pai, de tocar uma empresa do grupo, porque o teatro era do grupo. Ele falou: ‘Vai lá e toca, se vira’. Cada uma tem o seu espaço e ele me deu um caminho muito diferente para seguir”, completa ela, apontando as vantagens de estar fora da rotina da televisão.

“Hoje, eu sou o meu patrão. Eu pinto a hora que eu quero, eu crio o que eu quero, não gostei, eu rasgo, posso começar hoje e continuar daqui dez anos. Acho muito legal também essa independência. Para mim é super resolvido. Eu tive obras minhas em cenário de novelas do SBT. Então, tem outras formas de eu estar participando da TV”, reforça.

A mãe do ator e cantor Tiago Abravanel aproveita para adiantar os próximos passos de seus projetos artísticos. Ela quer mostrar suas novas obras aos corredores da emissora da Anhanguera. “Estou investindo nos acrílicos. Acho que ano que vem rola uma exposição dentro do SBT.”

Esta, inclusive, não será a primeira vez que a Abravanel levará a sua arte para o público popular. Ela já fez exposições em shoppings e até em uma linha da CPTM, na capital paulista.

“Gosto de formar público que não entraria em uma galeria, pessoas que estão passando por uma praça de alimentação e comentam: ‘Nossa, Cintia Abravanel, ela é a filha do Silvio Santos? Ai, o que ela faz?’. Você via o público passando nas estações da CPTM e olhando, acaba chamando um pouco de atenção. As pessoas têm curiosidade. É tirar proveito desse meu lugar, que a vida me pôs nessa família, fazer bom uso disso para abrir olhares para a arte”, explica a empresária, que não rejeita o título da sua família.

“Nós [família Abravanel] somos populares. Nada me impede de fazer o meu trabalho em um lugar público”, completa.

Cintia Abravanel revela que sofreu rejeição de diretores do SBT e nega incômodo por não estar em frente às câmeras
Silvio Santos entre as filhas Cintia, Daniela, Silvia, Rebeca, Patricia e Renata Abravanel (Crédito:Reprodução/Instagram)

Rejeição

Durante o bate-papo, Cintia admitiu que teve portas fechadas no mundo da arte por ser filha de Silvio Santos. Ela conta que o filho, Tiago Abravanel, já passou por situações semelhantes, mas acredita que na época em que ela era mais jovem foi tudo pior.

“Eu sofri uma certa rejeição da classe artística, porque era filha de Silvio Santos. Achavam que eu estava brincando, mas era trabalho. E internamente, dentro do Grupo Silvio Santos, muitos batiam nas minhas costas, e muitos que eu chamava até de ‘tios’, que me viram crescer, mas falavam: ‘Ah, menina, teatro não dá dinheiro’. E dentro de uma TV que exalava a arte”, lamenta Cintia, que ganhou um apelido nos corredores da SBT por querer garantir o seu espaço.

“‘Abrava’ era meu estado de espírito. Tive que batalhar muito para ser respeitada. Já começa por eu ser mulher em meio a um monte de diretor, que te viu crescer e não vai te levar a sério nunca. Um monte de artista que te vê como a filhinha do papai. Então, eu tive que provar muito. Essa ‘Abrava’ era ‘Brava’ mesmo”, dispara.

Apesar do preconceito que sofreu dentro e fora da emissora de seu pai, Cintia conta que sempre recebeu apoio de Silvio Santos:  “Sabe o que meu pai falava para mim? ‘Eu não entendo muito, mas é bonito. Eu gosto'”.

Cintia Abravanel revela que sofreu rejeição de diretores do SBT e nega incômodo por não estar em frente às câmeras
Cintia participa da exposição “Impressões Contemporâneas”, na Galeria Gabriel Wickbold, em São Paulo (Crédito:Divulgação)

Exposições

Reconhecida no mundo da arte por seu estilo inconfundível, que mescla traços orgânicos, figuras geométricas e curvas sinuosas, Cintia participa da exposição “Impressões Contemporâneas”, da Art100 Gallery de Porto Alegre, na Galeria Gabriel Wickbold, em São Paulo, de 15 a 28 de outubro.

Com a instalação “Renascimento” e duas telas, “Ondas Tortas” (2020) e “Entre Linhas e Contornos” (2020), ela explora o uso expressivo das cores e traços, uma característica que define sua trajetória no mundo das artes visuais.

Paralelamente a este projeto, Cintia também está envolvida na exposição coletiva “Cores da Amizade”, no Museu de Hunsruck, na Alemanha, região de onde partiram os primeiros imigrantes para o Brasil, de 27 de outubro até 10 de novembro.

Com curadoria de Sandra Setti, a mostra apresenta obras de 30 artistas, sendo 15 brasileiros e 15 alemães, em comemoração aos 200 anos de imigração alemã no Brasil.

Cintia se propôs a criar duas obras no local, especificamente no ateliê da artista Lucia Hinz, com vista para o Rio Reno.

“Na hora que soube que poderia utilizar o espaço de criação da Lucia, e sabendo de sua localização, já me aventurei a criar as peças lá. Sei que inspiração não vai faltar tanto pela paisagem, como pela importância da exposição e sua representatividade entre as duas culturas”, comemora a artista plástica.

Cintia Abravanel revela que sofreu rejeição de diretores do SBT e nega incômodo por não estar em frente às câmeras
Cintia participa da exposição “Impressões Contemporâneas”, na Galeria Gabriel Wickbold, em São Paulo (Crédito:Divulgação)