A juíza Maria Umbelina Zorzetti, da 1ª Zona Eleitoral de Goiânia (GO), pontuou em decisão divulgada nesta quinta-feira, 24, que o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) usou a máquina pública por meio da distribuição de cestas básicas no programa “Goiás Social” para angariar votos ao candidato Sandro Mabel (União Brasil).

A investigação judicial eleitoral se iniciou após a campanha de Fred Rodrigues (PL), adversário de Mabel no segundo turno, apresentar que em duas edições do evento “Goiás Social”, teria havido a distribuição de cestas básicas com utilização de bandeiras e “santinhos” com abordagem aos cidadãos que saíam do local ao receber o benefício.

Cláudia da Lira Silva (Avante), a vice da chapa de Sandro Mabel, também é investigada no processo.

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De acordo com a decisão de Maria Umbelina Zorzetti, a campanha de Rodrigues alegou que agentes da Polícia Militar utilizaram “força policial” para recolher materiais e “cercear o apoio de cidadãos” ao candidato do PL.

Como comprovação, a acusação anexou vídeos e fotos relacionados aos eventos, ocorridos na Vila Pedroso no dia 17 de outubro e no Residencial Buena Vista IV, nos dias 19 e 20 de outubro.

Segundo a juíza, a conduta praticada por Caiado em conjunto com Mabel demonstra o uso da máquina pública “para angariar apoio político por meio do oferecimento de cestas básicas em troca de voto, configurando à prática de conduta vedada e abuso de poder”. “Haja vista que o governador faz uso de seu cargo e de sua autoridade para interferir no resultado das eleições”, acrescentou Maria Umbelina Zorzetti.

“Isto posto, […] determino que os investigados Ronaldo Caiado, Sandro da Mabel Antônio Scodro e Cláudia da Silva Lira se abstenham de realizar atos políticos partidários praticando conduta vedada, em específico a entrega de benefícios eventuais com pedido de voto cumulada com a entrega de material de campanha”, declarou a juíza na decisão.

Em contato com o site IstoÉ, o governo de Goiás informou que recebeu “com surpresa e estranhamento” a determinação de Maria Umbelina Zorzetti de suspender a realização do “Goiás Social”.

“Os eventos, com entrega de benefícios à população em vulnerabilidade, sempre foram abertos ao público. Prova disso é que cabos eleitorais ligados ao candidato do PL atuaram nas proximidades deles, como admite a própria decisão”, afirmou a administração estadual.

Ainda de acordo com o governo de Goiás, para evitar “qualquer tipo de interpretação dúbia”, o governador Ronaldo Caiado já havia se antecipado e determinado a suspensão do programa desde a segunda-feira, 21, com retorno previsto após as eleições.

Procurada pelo site IstoÉ, a campanha de Sandro Mabel configurou a acusação como “falsa afirmação veiculada pelos adversários” e reiterou que “em nenhum momento a Justiça Eleitoral afirmou que houve uso da máquina pública estadual, mas tão somente que os fatos da forma narrada pelo representante poderiam configurar tal ato”.

“Repudiamos de forma veemente as acusações de uma ação forjada no intuito de enganar a Justiça e tomaremos todas as medidas judiciais contra a litigância de má-fé praticada pelo candidato adversário [Fred Rodrigues]”, declarou.