Por Joshua McElwee

CIDADE DO VATICANO (Reuters) – O papa Francisco pediu aos 1,4 bilhão de católicos do mundo para abandonar a “busca insana” por dinheiro e, em vez disso, dedicar-se à sua fé em uma nova carta encíclica, a forma mais elevada de ensinamento papal, divulgada na quinta-feira.

A quarta encíclica de Francisco ao longo de seus 11 anos de papado se abstém, em grande parte, de falar sobre questões políticas, um distanciamento de seus escritos anteriores, que também abordaram temas como a mudança climática global e as políticas econômicas “trickle-down”.

Em vez disso, “Dilexit nos” (Ele nos amou) incentiva os fiéis a fortalecerem suas vidas religiosas. O mundo está vivendo em uma “era de superficialidade”, diz o papa, e os católicos e outros cristãos “precisam redescobrir a importância do coração”.

“Em um mundo onde tudo é comprado e vendido, o senso de valor das pessoas parece depender cada vez mais do que elas podem acumular com o poder do dinheiro”, escreve Francisco.

“O amor de Cristo não tem lugar nesse mecanismo perverso, mas somente esse amor pode nos libertar de uma busca insana que não tem mais espaço para um amor gratuito”, afirma o pontífice.

O texto de 142 páginas se concentra em temas espirituais, em vez de apelos para ações políticas concretas.

A carta do papa de 2015, “Laudato Si” (Louvado Seja), exortou o mundo a cuidar do meio ambiente e foi saudada por alguns líderes mundiais por influenciar as discussões antes do Acordo de Paris de 2016. Sua carta de 2020, “Fratelli Tutti” (Todos Irmãos), pedia uma reconsideração das políticas econômicas após a pandemia global do coronavírus.

Já a nova carta oferece reflexões sobre uma prática espiritual católica promovida por uma freira francesa do século 17. A Irmã Margaret Mary Alacoque, que, segundo consta, teve várias visões de Jesus.

Os cristãos devem imitar o amor de Jesus cuidando também dos necessitados, diz o papa. “Não há melhor maneira de retribuir amor por amor”, afirma ele.

A divulgação do documento papal ocorre no momento em que Francisco está liderando uma cúpula de um mês de líderes católicos globais no Vaticano, que deve divulgar seu próprio texto no sábado.

As discussões sobre a maioria das questões polêmicas que originalmente faziam parte das considerações da cúpula, como a possibilidade de permitir que as mulheres sejam ordenadas como clérigos católicos, foram suspensas.