O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira, 23, em seu discurso na cúpula de líderes do Brics, que o bloco é um “ator incontornável” no enfrentamento à crise climática no planeta, cuja culpa atribuiu aos países ricos.

“O Brics é ator incontornável no enfrentamento da mudança do clima. Não há dúvidas de que a maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões culminou na crise climática que nos aflige hoje”, disse o petista em participação virtual na reunião, que acontece em Kazan, na Rússia.

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“É preciso ir além dos US$ 100 bilhões anuais prometidos [pelos países ricos] e não cumpridos e fortalecer medidas de monitoramento dos compromissos assumidos. Os dados da ciência exprimem um sentido de urgência sem precedentes”, acrescentou.

No entanto, segundo Lula, também “cabe aos países emergentes fazer sua parte para limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC” em relação aos níveis pré-industriais. “Na COP30, em Belém, vamos mostrar que é possível conciliar maior ambição em nossas contribuições com o princípio de responsabilidades comuns, mas diferenciadas”, destacou o presidente.

O presidente brasileiro destacou ainda que “as economias emergentes financiam o mundo desenvolvido”.

“O Brics foi responsável por parcela significativa do crescimento mundial nas últimas décadas. Juntos somos mais de 3,6 bilhões de pessoas, que integram um mercado dinâmico e com elevada mobilidade social. Representamos 36% do PIB global por paridade do poder de compra”, disse o petista.

Lula também defendeu a criação de meios de pagamento alternativos ao dólar para transações comerciais entre os países do grupo.

Segundo o mandatário, “é preciso trabalhar para que a ordem multipolar que almejamos se reflita no sistema financeiro internacional”.

“Agora é chegada a hora de avançar na criação de meios de pagamento alternativos para transações entre nossos países. Não se trata de substituir nossas moedas”, disse o mandatário em participação por videoconferência na reunião em Kazan, na Rússia.

“Essa discussão precisa ser enfrentada com seriedade, cautela e solidez técnica, mas não pode ser mais adiada”, acrescentou Lula.