Ex-CEO da Abercrombie é detido por tráfico sexual

O ex-CEO da marca de roupas Abercrombie and Fitch Michael Jeffries, acusado de tráfico sexual e prostituição em um esquema que envolveu modelos masculinos de todo o mundo, foi colocado em liberdade após o pagamento de fiança, informou a promotoria americana nesta terça-feira (22).

Além de Jeffries, 80, também foram detidos seu sócio e companheiro Matthew Smith, 61, e James Jacobson, 71, suposto intermediário dos dois, anunciou Breon Peace, promotor do Tribunal Federal do Distrito Leste do Brooklyn, em Nova York.

Jeffries foi colocado em liberdade após pagar uma fiança de US$ 10 milhões, assim como Jacobson, que depositou meio milhão. Smith permanece detido.

Jeffries e Jacobson vão comparecer na próxima sexta-feira perante o juiz Steven L. Tiscione, da corte de Central Islip, dependente do Tribunal Federal do Distrito Leste, para responder a acusações de “tráfico sexual e prostituição”, informou a promotoria.

Os acusados convidavam jovens aspirantes a modelos para irem a locais como Espanha, Reino Unido, Marrocos, França e Nova York e “os enganavam para comparecer a eventos públicos para ter sexo”, disse Peace.

Segundo a acusação, entre dezembro de 2008 e março de 2015 Jeffries, Smith e Jacobson usaram uma combinação de “força, fraude e coerção” para traficar homens enquanto exploravam uma empresa de prostituição. Eles lhes davam álcool, drogas e substâncias para manter a ereção, acrescentou.

Ainda de acordo com a acusação, “em mais de uma ocasião quando os homens não davam ou não podiam dar seu consentimento, Jeffries e Smith violaram a integridade física destes homens, submetendo-os” a “contatos sexuais invasivos e violentos”, declarou o promotor.

“Gastaram milhões de dólares em uma vasta infraestrutura para apoiar esta operação e manter seu sigilo”, acrescentou.

Nos documentos da acusação foram chamadas 15 vítimas anônimas, mas os promotores sugerem que a escala dos supostos crimes foi muito maior e fizeram um apelo para que novas testemunhas ou vítimas se apresentem.

“As detenções de hoje são monumentais para os aspirantes a modelos masculinos que foram vítimas destes indivíduos”, disse Brittany Henderson, advogada do escritório Edwards Henderson, que representa as vítimas.

“Sua luta por justiça não termina aqui. Esperamos responsabilizar a Abercrombie and Fitch por facilitar esta conduta terrível, e garantir que isso não aconteça novamente”, acrescentou em nota enviada à AFP.

O caso tem sua origem em um reportagem investigativa da BBC de 2023, “The Abercrombie Guys: The Dark Side of Cool”, na qual vários homens falaram sobre a assinatura de acordos de confidencialidade para eventos sexuais supostamente dirigidos por Jeffries.

A Abercrombie and Fitch se disse “horrorizada e enojada” com as denúncias sobre o comportamento de Jeffries e que tem “tolerância zero com o abuso, o assédio ou a discriminação de qualquer tipo”.

Jeffries foi conselheiro delegado da Abercrombie entre 1992 e 2014. Após deixar a empresa, recebeu uma indenização de US$ 25 milhões (cerca de R$ 66 milhões, na cotação da época), segundo documentos corporativos.

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