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Todo viajante que cruza vários fusos horários em um curto período de tempo apresenta, com maior ou menor intensidade, algumas variações no humor e na disposição ao desembarcar no seu destino. Pode haver fadiga, irritabilidade, dores de cabeça, entre outros sintomas. O nome disso é jet lag e costuma ser pior para quem viaja em direção ao leste. Na prática, significa que você sentirá fome, sono ou ficará mais alerta de acordo com o horário do seu País até que o organismo consiga se adaptar à rotina do local que visita. Agora, um estudo recente da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, revelou que as consequências do jet lag são mais prolongadas do que apenas alguns dias de mal-estar após a aterrisagem. “Há perdas de memória, na agilidade do raciocínio e de capacidade de aprendizagem que persistem por um mês ou mais”, disse à ISTOÉ a psicóloga americana Erin Gibson, autora do trabalho publicado pela revista científica “PLoS ONE”.

Os pesquisadores também encontraram algumas mudanças na anatomia do cérebro deflagradas pelo jet lag. Após submeter, por quatro semanas, fêmeas de roedores a circunstâncias que simulavam uma viagem de Nova York a Paris, a cientista Erin e seus colegas viram que essa experiência causou a redução no número de novas células nervosas no cérebro desses animais. “Mostramos que o jet lag diminui o surgimento de novos neurônios no hipocampo”, explicou a pesquisadora. O hipocampo cumpre funções complexas na memória e na habilidade de localização espacial.

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ADAPTAÇÃO
PatVanjú teve insônia no Japão por
mudança de fuso horário

Os pesquisadores ainda não sabem como reduzir esse déficit de novos neurônios. Mas afirmam que é necessário reduzir o impacto imediato. Em geral, as pessoas precisam de um dia de recuperação para cada hora de diferença de fuso horário. Sem isso, o organismo padece. A bailarina PatVanjú Noronha, professora de poéticas do corpo e da voz na Universidade de São Paulo, pode constatar essa regra. Convidada a fazer uma temporada de dança com uma companhia de Tóquio, ela começou a ensaiar no dia seguinte ao pouso. “Fiquei muito cansada e tive insônia. Parecia que a minha alma ainda não tinha chegado ao Japão”, conta. “Tive de exigir muito mais esforço do meu corpo.” Na tentativa de poupar as jogadoras de vôlei do Sollys Osasco dessas sensações, o fisioterapeuta Fernando Fernandes está testando estratégias contra o jet lag. Ele ministra gotinhas de oxigênio líquido durante a viagem e uma semana antes do embarque pede ao time para fazer as principais refeições no horário do país que sediará a partida. “Está dando certo”, garante Fernandes. O time é o vice-campeão mundial de 2010 do torneio de clubes.

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