Os candidatos à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB), protagonizaram um festival de ataques mútuos durante o debate da Record/Estadão, realizado na noite deste sábado, 19. O objetivo das trocas de acusações foi aumentar a rejeição do adversário.

Durante o embate, Nunes citou um promotor de Justiça para reforçar a imagem de “invasor” de Boulos. De acordo com o candidato à reeleição, Boulos teria fugido da Justiça por seis anos e “manobrado para evitar processos.”

O prefeito também recorreu a pautas ideológicas para atacar o candidato do PSOL e, ao mesmo tempo, acenar ao público evangélico. Ricardo Nunes acusou Boulos de ser contra a Polícia Militar, a favor do aborto e da legalização das drogas.

Boulos rebateu todas as declarações e desafiou novamente Nunes a abrir seu sigilo bancário. O prefeito evitou a resposta direta e afirmou ter uma trajetória política limpa, criticando ainda o relatório do deputado que arquivou o processo de “rachadinha” de André Janones (Avante-MG).

Boulos reiterou as investigações contra o prefeito, mencionando a Máfia das Creches, o chamou de “bandido” e afirmou que ele não deveria estar no debate. Ricardo Nunes reagiu dizendo que o inquérito da Polícia Federal foi arquivado, o que não ocorreu.

Guilherme Boulos também trouxe à tona outro caso policial envolvendo Nunes, relacionado a um incidente em uma balada em São Paulo. Na ocasião, Nunes teria sido levado à delegacia após disparar um tiro para o alto. Nunes voltou a negar a acusação.

O prefeito ainda respondeu acusando Boulos de não pagar uma vítima de acidente de trânsito e de pedir a intervenção de seu pai no caso. O site IstoÉ teve acesso ao processo que confirma que Boulos se envolveu em um acidente na Avenida 23 de Maio no dia 22 de setembro de 2017. De acordo com o processo, a vítima chegou a tentar contato com o político, mas não obteve sucesso, o que provocou um processo judicial. O valor só foi pago após um acordo entre Guilherme Boulos e a vítima em maio de 2018. O valor de R$ 2,5 mil saiu da conta de seu pai, Marcos Boulos, de acordo com o processo. O candidato do PSOL nega o caso. A reportagem tenta contato com a campanha, mas não obteve retorno até o momento.

Este foi o primeiro debate do segundo turno marcado por fortes ataques entre os candidatos. No primeiro, realizado pela Band, ambos mantiveram uma postura mais civilizada, com trocas de indiretas e até momentos de afago. No debate da RedeTV!, Nunes não compareceu, e Boulos foi sabatinado por jornalistas.