O presidente do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), Leonardo Alves de Araújo – conhecido como “Leonardo Avalanche”-, se tornou alvo de uma investigação da Polícia Federal após acusações de realizar ameaça e violência política contra uma ex-integrante do partido. O inquérito aberto nesta segunda-feira, 14, está sob os cuidados do delegado Renato Pereira de Oliveira e a comunicação à Justiça Eleitoral foi feita nesta nesta terça-feira, 15.

Em agosto deste ano, a ministra Carmen Lúcia havia rejeitado de forma liminar um pedido da suposta vítima para retirar Leonardo Avalanche da gerência nacional da legenda, ainda em razão dos crimes de ameaça e violência. Tanto Avalanche quanto a suposta vítima não se manifestaram até o momento da publicação.

A ação feita junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apresentou o depoimento de que “o presidente do partido [Avalanche] ameaçou a sua vice, mulher, e a fez renunciar a seu cargo” e “afirma a quem quiser ouvir ter influência e negociações com figuras importantes do Judiciário e ligação com o crime organizado (PCC), que poderia matá-la ou alguém de sua família”.

Uma suposta conversa entre Leonardo e a ex-integrante do PRTB também aparece na denúncia, que foi unida ao inquérito da PF: “Você ainda não me conhece, não seja um obstáculo no meu caminho, eu sou um cara calmo, não saio do controle, você pode esbravejar, pode me xingar, jamais vou discutir com você, mas quando você receber uma ligação dizendo ‘pega tua vara e vai pescar’, você já pode despedir de seus familiares porque você vai morrer”, teria declarado Avalanche.

No começo de outubro, o Estadão noticiou um boletim de ocorrência contra Leonardo Avalanche feito por uma advogada de Brasília. Ela alegou que o presidente do PRTB teria feito ameaças e dito que “manda matar até criança”. De acordo com o Código Penal, a pena somada para os crimes de violência política (art. 359-P) e ameaça (art. 147) varia de três anos e seis meses a oito anos de reclusão e multa.

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Histórico

Desde a vitória de Leonardo Avalanche para o comando do PRTB, em fevereiro deste ano, adversários articulam para tirá-lo da presidência. Os opositores apresentaram documentos ao TSE e à polícia, mas nenhuma medida contra Avalanche foi tomada.

O Partido Renovador Trabalhista Brasileiro foi destaque nas eleições de 2024, mesmo sem coligações e tempo de rádio e TV. O representante da sigla na disputa pela prefeitura de São Paulo foi o candidato Pablo Marçal (PRTB), que terminou em terceiro lugar na corrida do primeiro turno.

Em março, Leonardo havia nomeado Tarcísio Escobar de Almeida para presidir o PRTB em São Paulo, mas o indicado permaneceu no cargo por apenas três dias. Isso aconteceu em razão da divulgação de que Escobar havia sido indiciado pela Polícia Civil de São Paulo por associação ao tráfico e ao PCC. Tarcísio Escobar negou as acusações em vídeo veiculado nas redes sociais.

Posteriormente, a presidência foi preenchida pelo advogado Joaquim Pereira de Paulo Neto, que rompeu com Avalanche em junho. Em vídeo gravado por Joaquim junto a Escobar e Michel Winter, do PRTB de Minas Gerais, Leonardo Avalanche foi acusado de “enganar, fingir e atrapalhar” o PRTB em São Paulo.

Antes disso, por meio de assessoria de imprensa, Avalanche disse ter retirado Tarcísio Escobar da direção do partido após conhecimento dos problemas do aliado com a Justiça. O presidente do PRTB também garantiu nunca ter sido condenado ou alvo de denúncias pelas autoridades públicas.