16/05/2017 - 10:05
ROMA, 16 MAI (ANSA) – A Procuradoria de Roma abriu uma investigação nesta terça-feira (16) para investigar o vazamento de uma interceptação telefônica entre o ex-premier Matteo Renzi e seu pai, Tiziano, que é alvo de um processo que analisa um provável caso de tráfico de influência.
Os procuradores investigarão a “violação” de um segredo de Justiça e a “publicação arbitrária” de um procedimento penal.
Tiziano Renzi é investigado em um caso que envolve a prisão do empresário Alfredo Romeo, um empreendedor suspeito de ter pago uma propina de 100 mil euros a Mario Gasparri, ex-diretor da Consip (a central de aquisições de bens e serviços do governo italiano), para conseguir contratos com a autarquia.
A interceptação, revelada pelo jornal “Il Fatto Quotidiano”, mostra Renzi pedindo ao pai por telefonema, no dia 2 de março, que “fale toda a verdade para os juízes”.
“É uma coisa muito séria. Você deve se lembrar de todos os encontros e locais. […] Deve dizer nomes e sobrenomes”, orienta o ex-premier.
Em outro trecho da conversa, Renzi questiona o pai sobre uma matéria da mídia italiana em que há o relato de um jantar entre Tiziano e Romeo.
“É verdade que você jantou com Romeo?”, neste ponto, os policiais anotam que a resposta do pai do ex-premier é um “não” e “diz que se lembra dos jantares, mas o bar não”.
“Não acredito em você e você deve pensar no que o juiz vai achar. Você será processado, serão três anos e eu deixarei as primárias. Não se pode dizer mentiras e você deve lembrar que isso não é um jogo”, alerta o secretário-geral do Partido Democrático (PD).
Após a divulgação da matéria no jornal, Renzi usou as redes sociais para “desabafar” sobre o caso.
“Meu pai nunca viu um tribunal até que seu filho se tornou premier. Até aquele momento, ele viveu tranquilamente a sua vida exuberante e bela: tem 66 anos e no sábado passado festejou os 45 anos de matrimônio. […] Ele conheceu a justiça só depois que eu cheguei ao Palácio Chigi. Não está habituado a essa pressão que deriva de seu sobrenome”, diz o ex-premier.
Segundo Renzi, a publicação dessas interceptações “acaba me dando um presente” porque, como é uma “publicação ilegítima”, mostra a “enésima demonstração de relações particulares entre algumas Procuradorias e algumas redações”.
“Mas, não vou me lamentar por nenhum título: não sou o primeiro a passar por esse escândalo midiático. Para outros, foi bem pior. Alguns tiraram a própria vida pelas interceptações, alguns se recolocaram no trabalho”, acrescentou.
Sobre a conversa, Renzi ressaltou que rever essa conversa “me fere humanamente porque sou muito duro naquele telefonema com meu pai e isso me desaponta como filho e homem”.
A postagem continua com o detalhamento daquele dia e da conversa com Tiziano e, ao fim, o ex-premier afirma que “podem continuam com escândalos ou publicando provas falsas o quanto quiserem”.
“Nós acreditamos na justiça. Nós confiamos nas instituições italianas. E temos um grande aliado: porque o tempo não cancela uma verdade. Ele faz ela aparecer”, acrescentou. (ANSA)