Kamala Harris se esforça para atrair eleitores do sexo masculino, depois que um pedido de Barack Obama aos homens negros para que abandonassem as atitudes sexistas colocou em destaque um tema-chave para a candidata democrata nas eleições presidenciais de novembro nos Estados Unidos.

Enquanto pesquisas apontam uma vantagem do republicano Donald Trump entre os homens, Kamala e sua campanha pedem que eles se afastem do bullying machista do republicano e apoiem a atual vice-presidente.

A candidata democrata não costuma mencionar a questão de gênero e prefere não torná-la o tema central de sua campanha, mas sinais apontam que, a partir de agora, ela será obrigada a abordar esse tema.

Kamala visitará Detroit na próxima terça-feira com o comediante e apresentador de rádio Charlamagne Tha God, cujo programa é popular entre os jovens negros. Ela também usa seu companheiro de chapa, Tim Walz, para tentar atrair eleitores homens, a menos de quatro semanas das eleições.

Walz apareceu em jogos de futebol americano e fala com frequência sobre seu amor pela caça. Sua campanha lançou nesta semana “Caçadores e pescadores por Harris-Walz”, um discurso claramente dirigido aos eleitores do sexo masculino.

A campanha de Kamala também anunciou que lançará na próxima semana um plano com Bill Clinton para cortejar os jovens negros dos estados do sul mais disputados, apesar do histórico de escândalos sexuais do ex-presidente democrata.

Mas foram os comentários de Obama na última quinta-feira, em Pittsburgh, quando fez sua primeira participação na campanha eleitoral de Kamala, que mostraram que os democratas estão preocupados.

O ex-presidente Donald Trump teve, por muito tempo, uma base sólida entre os homens brancos, mas pesquisas apontam que ele conquistou recentemente um apoio significativo entre os negros e hispânicos.

Trump intensificou seu discurso machista para os homens jovens em um podcast de direita, enquanto Kamala tentou se aproximar deles. Na semana passada, ela apareceu no programa do ex-apresentador de rádio Howard Stern falando sobre seu amor pela Fórmula 1.

“Ela deveria tentar se sair melhor com os homens”, disse em um podcast Sarah Longwell, estrategista conservadora e diretora executiva do “Eleitores Republicanos contra Trump”.

Sarah citou números de uma pesquisa recente de Harvard sobre Kamala: os homens de 18 a 29 anos a apoiam com 17 pontos, e as mulheres, com 47. “Essa é uma diferença grande.”

“São os homens. São os homens hispânicos. São os homens negros, o que significa que faz parte dessa questão cultural maior com os homens”, ressaltou a estrategista.

Mas não é apenas Kamala que está em busca de eleitores do sexo oposto. Na semana que vem, Trump participará de um fórum com mulheres, apesar do seu histórico de escândalos sexuais e de ser criticado pelos democratas por sua posição sobre o aborto.

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