Após resultado do primeiro turno das eleições para prefeito de São Paulo, os candidatos derrotados e seus respectivos partidos iniciaram as sinalizações sobre futuras alianças. Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) disputarão a segunda etapa no dia 27 de outubro e já acumulam apoio de diferentes legendas.

Tabata Amaral (PSB), que ficou em quarto lugar na corrida, anunciou o apoio a Boulos já no dia da votação, 6, após 99% das urnas apuradas. “Eu sou muito conhecida por ter posicionamentos firmes. Eu nunca me omiti, vocês nunca vão encontrar um voto nulo, um voto de abstenção meu. […] Eu vim aqui dar essa declaração sem falar com nenhum dos outros candidatos. Eu queria dizer a vocês que, no segundo turno, eu votarei em Guilherme Boulos”, declarou.

Apesar de endossar a candidatura do psolista, Tabata destacou que seu apoio é baseado em convicção e que ambos têm projetos de governo distintos. Ela também afirmou que não subirá no palanque de Boulos no segundo turno.

Em busca de atrair eleitores da pessebista, o deputado anunciou na noite de quarta-feira a incorporação de três propostas de Tabata:

– Jovem empreendedor: criação de um programa que vai oferecer crédito a jovens de 18 a 29 anos para empreender;

– Rampa: programa de suporte para as mães de crianças autistas;

– Polo Tecnológico da zona leste: criação de um centro de inovação na região, envolvendo universidades e empresas na pesquisa e geração de empregos.

Pablo Marçal (PRTB), que acumulou 28,14% dos votos na primeira etapa, alterou as declarações ao longo da campanha para o segundo turno. Inicialmente, o ex-coach havia sinalizado a possibilidade de apoiar Ricardo Nunes, contanto que o atual prefeito incluísse alguns de seus projetos no plano de governo. Nunes não indicou que se associaria ao empresário, mas expressou a intenção de reunir votos do eleitorado de Marçal. Em resposta, o ex-coach anunciou em coletiva de imprensa na terça-feira, 8, que só apoiaaria o emebedista após pedido de desculpas dele, do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e de Jair Bolsonaro (PL).

Já em nota divulgada nesta quarta-feira, 9, Pablo Marçal atualizou que não apoiará Nunes e “liberou” os eleitores para votarem de acordo com as próprias convicções. O ex-coach atribuiu a decisão à arrogância do prefeito e outros líderes como Jair Bolsonaro e Silas Malafaia, que direcionaram fortes críticas à sua candidatura durante o primeiro turno.

“Libero os 1.719.024 cidadãos paulistanos que confiaram na minha candidatura para votarem de acordo com suas convicções, princípios e ideologias. Se essa atitude resultar na entrega da prefeitura da cidade mais importante do hemisfério sul à extrema esquerda, a culpa não será minha“, afirmou Marçal.

José Luiz Datena (PSDB) não tornou pública a posição e, perguntado pela reportagem, não respondeu até o momento da publicação. Entretanto, o PSDB, partido do apresentador, já formalizou apoio à candidatura de Ricardo Nunes. Em nota publicada neste domingo, 6, a legenda disse confiar no trabalho do atual prefeito: “Estamos confiantes de que sua trajetória e comprometimento com a cidade de São Paulo o qualificam para continuar o importante trabalho de transformar a cidade e promover avanços essenciais.”

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O que dizem os outros candidatos

  • Marina Helena (Novo) e o Partido Novo também anunciaram apoio ao atual prefeito. Um dia após o primeiro turno, em evento só com mulheres, a candidata destacou que estaria à disposição para ajudar Nunes a vencer o psolista: “A gente precisa garantir que o Boulos não vai chegar lá”.
  • Altino Prazeres (PSTU) foi questionado sobre possíveis alianças e afirmou, em nota, que apoiará Guilherme Boulos no segundo turno pela prefeitura de São Paulo. Altino qualificou a gestão de Nunes com uma “desgraça” e defendeu o voto crítico no psolista: “Contra Nunes e o bolsonarismo, chamamos voto crítico em Boulos”.
  • Bebeto Haddad (DC) e Ricardo Senese (UP) também não tornaram público o posicionamento e, procurados pelo site IstoÉ, não responderam até o momento da publicação. A Unidade Popular, contudo, reforçou em nota a importância de sua militância “identificar as candidaturas ligadas com o bolsonarismo, o fascismo e seus lacaios do Centrão e votar em candidatos que enfraqueçam sua influência nas cidades”.
  • O PCO, partido de João Pimenta, anunciou que realizará uma Conferência Eleitoral nesse final de semana para “decidir a posição oficial democraticamente” com os integrantes da sigla.

*Por Luma Venâncio, estagiária sob supervisão*