O Nobel de Física de 2024 foi concedido aos pesquisadores John Hopfield e Geoffrey Hinton, responsáveis por estudos que impulsionaram o aprendizado de máquina, anunciou a Real Academia Sueca de Ciências na manhã desta terça-feira, 8. Essas pesquisas abriram caminho para o desenvolvimento de tecnologias que usamos no cotidiano, como reconhecimento facial e tradução de um idioma para outro.

Hopfeld, da Universidade Princeton (EUA), criou um tipo de memória associativa que pode armazenar e reconstruir imagens e outros tipos de padrões em dados. Essa tecnologia é capaz de identificar a imagem mais similar à original, ainda que esteja um pouco diferente ou distorcida, por exemplo.

Já Hinton, da Universidade de Toronto (Canadá), inventou um método que pode, de maneira autônoma, identificar propriedades nos dados e, assim, realizar tarefas, como identificar elementos específicos em imagens.

A dupla desenvolve pesquisas nessa área desde os anos 1980. Como os computadores não podem pensar, a ideia foi replicar funções desempenhadas pelo cérebro humano, como a memória e o aprendizado.

“Na Física, usamos redes neurais artificiais em uma vasta gama de áreas, como o desenvolvimento de novos materiais com propriedades específicas”, afirma Ellen Moons, Presidente do Comitê Nobel de Física.

O prêmio é oferecido aos responsáveis por descobertas de grande importância, “que tenham alterado paradigmas científicos e que tragam grandes benefícios para a humanidade”.

Além da medalha e do diploma, os laureados levam para casa uma quantia substancial em dinheiro, 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 5,85 milhões). O prêmio de Física vem sendo entregue desde 1901, quando a premiação teve início, seguindo as diretrizes deixadas postumamente no testamento do químico e inventor sueco Alfred Nobel (1833-1896).

No ano passado, três pesquisadores levaram o Prêmio Nobel de Física: os cientistas Pierre Agostini, Ferenc Krausz e Anne L’Huillier foram laureados pelas pesquisas em metodologias experimentais para a geração de pulsos de luz para o “estudo da dinâmica eletrônica na matéria”.

Agostini é pesquisador da Universidade de Ohio (EUA), Krausz atua no Instituto Max Planck, da Alemanha, e Anne L’Huillier na Universidade de Lund, da Suécia – ela é apenas a quinta mulher a ganhar a láurea na categoria de Física.

A Real Academia Sueca de Ciências é responsável pela seleção dos premiados. A academia indica um comitê que avalia o currículo dos indicados e apresenta uma proposta final, que é então votada por um grupo maior de especialistas. Os nomes dos indicados só podem ser revelados após um período de 50 anos.

Dos 224 cientistas que receberam o Nobel de Física, apenas cinco eram mulheres. A mais famosa delas é Marie Curie, que recebeu o prêmio em 1903, por suas pesquisas sobre o polônio. Ela recebeu também um Nobel de Química em 1911.