Com 28,1% dos votos válidos, Pablo Marçal (PRTB) ficou na terceira posição e não avançou ao segundo turno das eleições para a prefeitura de São Paulo no domingo, 6. Na mesma data, os paulistanos elegeram um grupo de vereadores que o apoiou e pode formar uma ‘tropa de choque’ em defesa das pautas representadas pelo ex-coach na Câmara Municipal a partir de 2025.

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Adesão provocou traições

Sem partidos coligados e em um fragilizado PRTB, o bom desempenho de Marçal nas urnas não foi suficiente para alçar nenhum candidato da legenda a uma das 55 cadeiras no Legislativo municipal. Mesmo assim, postulantes eleitos na chapa de Ricardo Nunes (MDB) — que disputará o segundo turno contra Guilherme Boulos (PSOL) — bandearam da coligação em direção ao adversário quando a campanha do prefeito dava sinais de que poderia submergir.

A lista de casos é aberta com Lucas Pavanato (PL), vereador mais popular da capital paulista, com 161.386 votos. Um dos jovens representantes da extrema direita, Pavanato carrega similaridades com o ex-coach, como o agressivo discurso de “exorcização da esquerda”, e o defendeu quando suas redes sociais foram suspensas por decisão da Justiça Eleitoral.

Quarto mais votado para a Câmara, Sargento Nantes (PP) era presença garantida nas agendas públicas de Marçal e pediu votos com frequência para o candidato do PRTB em suas redes sociais, apesar de filiado a uma das legendas coligadas a Nunes.

Ainda na casa dos que superaram os 100 mil votos, Rubinho Nunes (União Brasil) sofreu retaliações do próprio partido, viu um aliado perder uma subprefeitura ao abandonar o palanque do emedebista e, ainda assim, não recuou do apoio a Marçal, marcando presença na campanha de rua e nas coletivas de imprensa do derrotado. Cotado à presidência da Câmara depois de ganhar envergadura política em seu primeiro mandato, Rubinho prometeu “colocar em pauta os projetos do Pablo” ao repercutir a notícia da reeleição.

Do mesmo União Brasil coligado ao atual mandatário, Adrilles Jorge foi o penúltimo eleito à Câmara. Conhecido pela defesa de causas conservadoras, posições contrárias à vacinação e por ter feito um gesto supostamente nazista na televisão, trocou Nunes por Marçal em seus materiais de campanha e nas redes sociais. “A gente que é de direita, liberal e conservador”, definiu o vereador eleito em vídeo.

Além de defender pautas de seu interesse na Câmara, essa espécie de ‘bancada’ pode ajudar a manter Marçal como figura ativa na política paulistana até 2026, quando ele promete voltar às urnas. “Vocês não vão me ver disputando Legislativo, então só tem dois caminhos: o governo do estado ou a questão da Presidência do Brasil”, disse o ex-coach após a derrota de domingo.