Declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Jair Bolsonaro (PL) não disputará eleições até 2030 e teve participação contida nas campanhas de primeiro turno para prefeituras e Câmaras de Vereadores. Mesmo assim, viu aliados conquistarem vitórias expressivas no primeiro turno das eleições municipais, disputado neste domingo, 6.

+Nunes e Boulos disputarão o segundo turno em São Paulo

Em São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB) brigaram pelo eleitorado do ex-presidente e conquistaram, somados, 57,62% dos votos válidos em território que deu maioria dos votos ao presidente Lula (PT) nas eleições presidenciais de 2022.

“Quase dois terços dos eleitores paulistanos votaram em candidatos do campo bolsonarista, o que pode ser lido como um sucesso do grupo”, disse ao site IstoÉ Camila Rocha, cientista política e pesquisadora do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento).

Para a cientista política, a leitura deve considerar ainda os resultados de perfis ligados ao bolsonarismo na eleição de vereadores. Apoiadores extremados de Bolsonaro, como Lucas Pavanato (PL) e Zoe Martinez (PL), estão entre os mais votados para o cargo, com desempenhos superiores aos de políticos populares na cidade.

O Legislativo também rendeu sucessos ao ex-presidente com as eleições de seus filhos, Carlos Bolsonaro (PL), mais votado para a Câmara do Rio de Janeiro, e Jair Renan (PL), primeiro da lista em Balneário Camboriú.

Apostas do líder

Parlamentares fiéis às pautas do grupo e apostas do PL, André Fernandes e Bruno Engler avançam ao segundo turno em Fortaleza e Belo Horizonte como os mais votados no primeiro turno, deixando para trás não apenas os apadrinhados de Lula, mas também os incumbentes — o prefeito Fuad Noman (PSD) disputará nova eleição contra Engler, enquanto Sarto ficou em terceiro na capital cearense.

Em outras capitais relevantes, o bolsonarista Capitão Alberto Neto (PL) contrariou resultados das pesquisas em Manaus e enfrentará David Almeida (Avante), atual prefeito, na primeira posição em 27 de outubro; em Goiânia, Fred Rodrigues (PL) fez movimento similar e deixou para trás os postulantes apoiados pelo governador Ronaldo Caiado (União) e por Lula para disputar o segundo turno.

Ex-ministro e apoiadora extrema no segundo turno

Em João Pessoa, apesar do amplo favoritismo do experiente Cícero Lucena (PP), Marcelo Queiroga (PL) alcançou 21,77% dos votos, forçando a realização de um segundo turno contra o incumbente. Queiroga foi ministro da Saúde do governo Bolsonaro durante a pandemia e tem a carreira política avalizada pelo ex-chefe.

No caso mais destacado, Curitiba teve uma leva de postulantes fazendo acenos às pautas conservadoras no primeiro turno, mas os dois mais votados do domingo são Eduardo Pimentel (PSD), que deu lugar na chapa ao deputado bolsonarista Paulo Martins (PL), e Cristina Graeml (PMB), candidata que, sem tempo de televisão, estrutura partidária ou boa colocação nas pesquisas, é reconhecida por uma trajetória pública em defesa das crenças mais extremas de Bolsonaro.