O candidato à reeleição Sebastião Melo (MDB) vai encarar Maria do Rosário (PT) na disputa pelo segundo turno na Prefeitura de Porto Alegre. O resultado foi confirmado pela Justiça Eleitoral na noite deste domingo, 6. Com 99,74% das urnas apuradas, Melo teve 49,72% dos votos e a petista teve 26,27%.

O resultado é um reflexo da nacionalização das campanhas na capital gaúcha, com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao lado de Mello, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está com a deputada federal.

Porto Alegre foi o centro das atenções no começo do ano, quando a maior enchente em 40 anos atingiu o estado do Rio Grande do Sul. Assunto que moldou o debate entre as falhas dos governos municipal e federal. 

Na avaliação da cientista política e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Silvana Krause, o cenário eleitoral pela enchente foi dividido em dois momentos. Um deles acabou favorecendo Mello, que teve a máquina pública para apresentar seus feitos. 

“A enchente tem dois momentos muito distintos. Tem o primeiro momento, do desespero, do pânico, que é o momento da enchente mesmo, do sentimento de abandono, que é aquela onda que diz que o Estado não serve para nada.  Quem nos salvou foram as iniciativas da sociedade. Essa é uma visão do eleitor leigo, um eleitor que entra em desespero numa tragédia. Então, claro, ele vira um eleitor antissistema”, explica

“No segundo momento, é a presença da máquina. É a presença do Estado na infraestrutura, na reconstrução. Eu não estou dizendo se essa qualidade é boa ou má, eu estou dizendo que a presença de quem está com o poder público, ele aparece mais”, concluiu. 

Maria do Rosário esteve sempre entre o primeiro e segundo colocados nas pesquisas de opinião. Entretanto, ela teve a neta de Lionel Brizola, a deputada estadual Juliana Brizola, na sua cola. 

Maria teve forte rejeição na capital gaúcha, de acordo com as pesquisas de opinião. A ideia da campanha é usar o segundo turno para reduzir índice, que ultrapassa os 50%. 

Silvana acredita que, além da tentativa de redução, a deputada dependerá da abstenção de votos em Porto Alegre, que teve seu recorde nas eleições de 2020. Ela avalia que a rejeição da parlamentar pode afetar no segundo turno. 

“A gente sabe que a candidata Maria Antônio Rosário é a que tem a maior rejeição. Isso é um elemento muito difícil para o segundo turno”. 

“Mas, num contexto em que você tem alta abstenção provável, se olharmos a trajetória do comportamento de Porto Alegre nas últimas eleições, é crucial entender quem será esse que vai se abster”, concluiu.