30/09/2024 - 18:06
Abdel Hamid Ramadan observa, devastado, socorristas removerem corpos dos escombros. Ele foi um dos poucos sobreviventes de um bombardeio israelense que destruiu o prédio em que ele morava com a mulher e a filha, mortas no ataque.
Pelos menos 45 pessoas morreram e 70 ficaram feridas no bombardeio deste domingo (29) ao prédio de seis andares a 40 km de Beirute, informou o Ministério da Saúde libanês.
O bombardeio atingiu a cidade de Ain al Delb quando Ramadan estava na sala de casa com a mulher e os dois filhos. Apenas ele e um dos filhos sobreviveram.
Assim como as cidades vizinhas, essa localidade ainda não havia sido afetada pelo confronto quase que diário entre o grupo libanês Hezbollah e Israel. “Julia era uma heroína, trabalhava e estudava”, disse Ramadan sobre a filha, formada em educação infantil, psicologia e relações públicas, que morreu aos 27 anos.
“Daqui a alguns dias, quando eu me mudar para a casa da minha mãe e for a hora do almoço, vou olhar em volta e me perguntar: Onde está Julia? Onde está minha mulher? O que vou fazer agora?”, disse o militar reformado libanês.
Ramadan afirmou que os moradores do prédio eram civis, e disse que não tem notícias de vários vizinhos. Equipes de resgate continuavam trabalhando no local, com a ajuda de máquinas pesadas, sob o olhar perplexo dos moradores. Um dos socorristas contou que a equipe trabalha desde a tarde de ontem, e que ainda há pessoas sob os escombros.
Roupas e escombros de pedra e metal, além de objetos domésticos, misturavam-se a brinquedos e livros escolares espalhados pela explosão. “Ouvimos os mísseis e corremos, todos gritavam”, contou uma moradora, que não quis ser identificada.
Segundo o funcionário local Pierre Tannous, o prédio atacado era “um edifício residencial habitado por pessoas do sul do Líbano que se estabeleceram no local em 2006”, além de pessoas deslocadas de outras regiões do sul, muitas delas mulheres e crianças.
No cemitério local, trabalhadores corriam para preparar sepulturas para o grande número de vítimas. Em uma funerária da cidade, seis corpos cobertos estavam alinhados no chão, rodeados de familiares em silêncio. O imã da mesquita recitou orações antes do seu traslado ao cemitério.
“Estamos preparando valas comuns para as famílias dizimadas por esse massacre israelense”, disse Ahmad Chahadé, responsável pelo cemitério de Saida, administrado pela diretoria de assuntos religiosos islâmicos.
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