30/09/2024 - 16:18
Aos 14 anos, Anderson Dias tinha um sonho: sair do Brasil. Com uma criação simples e com poucos luxo em Salvador (BA), ele sabia que a missão não seria fácil.
Dias já tinha se mudado para Caruarú (PE) quando resolveu materializar esse sonho. Pernambucano de coração, foi através da educação, formal e financeira, que ele decidiu que precisava de planos e metas concretas.
“Coloquei na cabeça: em 3 meses eu precisava arrecadar R$ 30 mil para fazer minha primeira viagem ao exterior”, conta Dias
O plano deu certo. Foi trabalhando como ambulante, vendendo capinhas de celular, que ele iniciou uma aventura que acabaria o levando para outros 195 países. Seu primeiro destino? Irlanda. Mas nem tudo foi como ele esperava.
“Tentei aprender inglês na Irlanda, mas só conhecia brasileiros e não consegui. Acabei voltando ao Brasil por falta de dinheiro”, explica.
A primeira experiência serviu como aprendizado e não diminuiu sua vontade. A essa altura, ele já tinha decidido que conhecer só um país não era suficiente e tomou a decisão de visitar toda a América do Sul, um objetivo alcançável naquele momento.
“Decidi ir para países onde a passagem era mais barata. Fui aprendendo com os meus erros e me aprimorando”, diz Anderson
Esse aprendizado ditou os próximos passos: América Central, América do Norte, Europa e Oriente Médio.
Foi durante essa próxima fase da jornada, em 2018, que ele criou o perfil 196sonhos no Instagram e no YouTube, que serviu como um diário de bordo e também uma maneira de divulgar o seu trabalho.
No dia 22 de novembro de 2019, após 543 dias, a aventura do baiano teve sua parada final em Cabo Verde, país africano considerado um dos melhores destinos do mundo, com vistas ideais para celebrar a realização de um sonho antigo.
Hoje, ele viaja com outros objetivos: compartilhar sua história, experiências e ideais, além de dar dicas para quem quer viver algo parecido. Ele compartilhou algumas delas com o site IstoE em um papo no Gramado Summit, em Punta del Este. Confira:
“O ‘perrengue’ é necessário”
Palavras do primeiro brasileiro a dar uma volta ao mundo. Para Anderson, planejamento financeiro é essencial para dar uma volta ao mundo. Planejamento turístico? Nem tanto.
“Não fazia sentido ter o papel de desbravador e saber exatamente o que ia fazer e o que ia acontecer em um país. A única coisa que eu pesquisava eram as principais atrações, o resto eu queria descobrir sozinho”
O viajante ignorou o medo dos tradicionais golpes financeiros em turistas em troca de experiências genuínas.
“As pessoas não gostam de passar ‘perrengue’, mas na verdade eu acho um privilégio. O perrengue te ensina, te faz desenvolver novas habilidades”, conta
Aviso aos viajantes
É inexperiente? Países da América do Sul devem ser prioridade por conta da fácil adaptação ao idioma e preços acessíveis.
“Caso você já conheça a América do Sul e quer ir além, vá para Tailândia, um país barato, com comida legal, clima parecido com o Brasil”, aconselha
Dias não recomenda os Estados Unidos ou o Canadá como destinos iniciais para desbravar o mundo, mas o motivo é bem diferente do que você imagina.
“São destinos previsíveis. Eu acho que as pessoas precisam ter choques culturais e conhecer o que é diferente. A imprevisibilidade te faz ser uma pessoa mais habilidosa, essa é a grande mensagem que eu gosto de passar”, finaliza.