O décimo e penúltimo debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo foi uma boa surpresa para as eleições. No evento promovido pelo jornal Folha de S.Paulo e UOL teve de tudo: proposta, ataques e até polêmica com fala considerada misógina.

Nas regras, os candidatos teriam 20 minutos para gastarem como bem entenderem durante todo o debate. Os moldes são bem parecidos com o da Band, com a diferença que o tempo foi controlado durante todo o embate, ao invés do confronto único. É de se elogiar o método.

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O debate foi, sem dúvida, o mais dinâmico até agora. As propostas foram amplamente discutidas, mesmo com algumas trocas de farpas entre os candidatos. No entanto, essas interações ocorreram de forma moderada, mas intensa, como se espera em um embate eleitoral.

Ricardo Nunes (MDB) voltou a ser o maior alvo dos adversários. Guilherme Boulos (PSOL), Tabata Amaral (PSB) e Pablo Marçal (PRTB) criticaram a gestão e tentaram afetar a imagem do atual prefeito.

Boulos focou nas falhas de Nunes e citou investigações, entre elas o inquérito da máfia das creches. Nunes rebateu e disse que o deputado institucionalizou a ‘rachadinha’ ao inocentar André Janones (Avante-MG) no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

Marçal, por sua vez, usou a estratégia já conhecida, a de provocar os adversários. O principal alvo, novamente, foi Nunes, seu maior rival na disputa de votos;

O ex-coach questionou o candidato à reeleição reiteradas vezes sobre a denúncia de violência doméstica, mesmo tema investido por Boulos no fim do debate. Marçal ainda tentou provocar Nunes com a saída de Marta Suplicy (PT), então sua secretária de Relações Internacionais, para ser vice do candidato do PSOL.

Marçal ainda destinou parte de seu tempo para atacar Boulos. Ele voltou a acusar o psolista de ser usuário de drogas, o que foi rebatido pelo deputado. Na resposta, Boulos admitiu ter usado maconha uma única vez na adolescência, mas que não usa atualmente.

Administrando bem o tempo, Pablo Marçal ‘guardou’ cerca de 3 minutos e 40 segundos para atacar Nunes e Boulos no final do encontro. O ex-coach voltou a mirar em Nunes com o boletim de ocorrência registrado pela mulher e aconselhou o deputado federal a se manter em Brasília.

Tabata Amaral se destacou menos no debate, embora tenha realizado alguns ataques, especialmente direcionados a Marçal. Mesmo assim, ela buscou apresentar suas propostas. Em um determinado momento, interrompeu uma troca acalorada entre Marçal e Nunes para abordar soluções para a violência doméstica.

A pessebista ainda protagonizou uma discussão sobre religião. Entre citações da bíblia e questionamentos sobre fé, a deputada, Nunes e Marçal passaram para o momento de “pregação”, com a candidata do PSB criticando o uso do espaço para o assunto.

O ponto fora da curva do debate foi o caso de misoginia protagonizada pelo candidato do PRTB. Em resposta à Tabata, Pablo Marçal disse que mulheres inteligentes não votam em mulheres.

A fala infeliz já não é novidade e retratou a estratégia de Marçal. Provocativo, Marçal parecia querer fazer alguém perder a cabeça, como foi no episódio da cadeirada dada por Datena.

Na próxima quinta-feira, 3, teremos enfim o último debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo. Será realizado pela Globo e promete muita tensão na reta final da campanha.