O papa Francisco prestou homenagem, neste sábado (28), à “coragem” do rei belga Balduíno, que morreu em 1993 e se opôs à lei que descriminaliza o aborto, que o pontífice descreveu como uma “lei assassina”.

Após uma reunião com representantes religiosos em Bruxelas, o pontífice visitou a cripta real belga para rezar em particular no túmulo do rei Balduíno, que reinou de 1951 até sua morte em 1993.

Na presença do rei belga Philippe e da rainha Mathilde, Francisco elogiou a “coragem” do soberano que decidiu “deixar sua posição como rei para não assinar uma lei assassina”, disse o Vaticano.

Em 1990, em oposição a um projeto de lei que descriminalizava o aborto, o rei Balduíno se declarou “incapaz de reinar” por vários dias enquanto o Parlamento aprovava o projeto.

O soberano belga fez alusão às suas convicções católicas ao explicar por que não assinaria o texto, provocando uma das maiores crises políticas de seu reinado.

O palácio real belga enfatizou que Philippe, sobrinho de Balduíno, e sua esposa Mathilde acompanharam o papa “por cortesia” durante essa “visita improvisada” de “natureza estritamente privada” à cripta real, em uma forma de se distanciar do gesto de Francisco.

A lei belga de 1990 sobre o aborto estabelece que “qualquer mulher grávida em perigo” tem o direito de solicitar um aborto até a 12ª semana de gravidez.

Desde então, o Código Penal belga permaneceu inalterado. Um projeto de lei para estender o prazo legal para 18 semanas provocou um debate acalorado nas últimas semanas.

O Centro de Ação Secular, uma das principais associações belgas a favor do Estado laico, denunciou neste sábado os “comentários surpreendentes” do papa como “provocativos, no Dia Internacional do Direito ao Aborto”.

De acordo com o Vaticano, o papa Francisco também convidou os belgas a seguirem o exemplo do rei Balduíno e disse que esperava que a causa de sua beatificação seja bem-sucedida.

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