Israel prometeu, nesta quinta-feira (26), que continuará lutando contra o movimento islamista Hezbollah no Líbano “até a vitória” e rejeitou um pedido conjunto de um cessar-fogo de 21 dias feito por Estados Unidos, União Europeia e vários países árabes.

Pelo quarto dia consecutivo, Israel efetuou uma série de bombardeios contra redutos do Hezbollah no Líbano, enquanto o grupo apoiado pelo Irã disparou mais uma vez projéteis contra complexos militares israelenses.

Segundo o Ministério da Saúde libanês, estes ataques mataram nesta quinta-feira 92 pessoas. Outras 153 ficaram feridas.

Israel indicou ter matado o chefe da unidade de drones do Hezbollah, Mohamed Srur, em “bombardeios de precisão” no subúrbio sul de Beirute. A milícia pró-iraniana confirmou sua morte esta noite.

O Exército israelense informou que seus aviões atacaram nesta quinta 75 alvos do Hezbollah no sul e no leste do Líbano, e afirmou à noite que realizava novos bombardeios contra o grupo islamista.

Além disso, reportou o disparo de dezenas de “projéteis” a partir do Líbano. O Hezbollah disse ter atirado uma centena de foguetes contra as cidades de Safed e Haifa, no norte de Israel.

Na primeira hora de sexta (noite de quinta no Brasil), o exército israelense também informou que seus sistemas de defesa aérea interceptaram um míssil disparado do Iêmen, um país parcialmente controlado pelos huthis, grupo rebelde também aliado do Irã.

– “Uma chance à diplomacia” –

Os bombardeios israelenses mataram mais de 600 pessoas desde a segunda-feira, incluindo muitos civis, e forçaram 90 mil a fugir de suas casas no Líbano, segundo a ONU. Entre elas, mais de 31 mil entraram na Síria, de acordo com as autoridades libanesas.

Hasan Slim, um libanês de 24 anos, partiu com a mãe em busca de refúgio na Síria, um país destruído por anos de guerra civil. “Evitávamos a Síria por causa da guerra, mas agora a guerra está batendo na nossa porta”, explicou.

Desde que começou a guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o movimento palestino Hamas, em 7 de outubro de 2023, pelo menos 1.540 pessoas morreram no Líbano devido aos bombardeios israelenses, no contexto dos confrontos transfronteiriços com o Hezbollah, aliado do Hamas.

As hostilidades se intensificaram depois das detonações mortais de dispositivos de comunicação de membros do movimento libanês, atribuídos a Israel, em 17 e 18 de setembro, e de um bombardeio israelense em 20 de setembro em um subúrbio do sul de Beirute, que decapitou a unidade de elite Radwan do grupo pró-iraniano.

Diante da escalada que ameaça arrastar toda a região para a guerra, Estados Unidos, França e outros aliados, incluindo os países árabes, fizeram um apelo conjunto a um cessar-fogo de 21 dias, a fim de “dar uma chance à diplomacia”, diz um comunicado divulgado pela Casa Branca.

Mas o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeitou energicamente o apelo e ordenou às tropas que continuassem a combater o Hezbollah “com toda a força necessária”.

Dois ministros israelenses de extrema direita, Bezalel Smotrich e Itamar Ben Gvir, repudiaram a ideia de um cessar-fogo no Líbano, com este último ameaçando boicotar o trabalho do governo caso ocorra.

O gabinete do premiê israelense indicou que Netanyahu “sequer respondeu” ao pedido de um cessar-fogo, embora a Casa Branca afirme que o apelo foi “coordenado com a parte israelense”.

O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que seria “um erro” Netanyahu rejeitar o cessar-fogo e que estaria assumindo a “responsabilidade” por uma escalada regional.

A proposta foi “preparada e negociada com o primeiro-ministro (israelense) e suas equipes, tanto pelos americanos quanto por nós mesmos”, assegurou.

– Guerra total “devastadora” –

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, advertiu que “uma guerra total seria devastadora para Israel e Líbano” e disse que um cessar-fogo no Líbano poderia contribuir para alcançar um acordo de trégua em Gaza.

O Ministério da Defesa israelense anunciou, nesta quinta, ter recebido um novo pacote de ajuda militar dos Estados Unidos, no valor de 8,7 bilhões de dólares (47,32 bilhões de reais), “em apoio ao esforço militar” do país.

O chefe do Estado-maior do exército israelense, Herzi Halevi, pediu na quarta-feira a seus soldados que se preparassem para uma “possível” ofensiva terrestre no Líbano.

Em meados de setembro, Israel anunciou que o “centro de gravidade” da guerra contra o Hamas estava se deslocando para uma “possível” ofensiva terrestre no Líbano.

Sua meta, afirmou, é assegurar o retorno para casa de milhares de moradores do norte, deslocados pelas hostilidades com o Hezbollah.

Apesar do agravamento dos confrontos com o grupo islamista libanês, que prometeu seguir combatendo Israel “até o fim da agressão em Gaza”, o exército israelense prossegue com sua ofensiva neste território palestino.

A Defesa Civil de Gaza informou que 15 pessoas morreram no bombardeio contra uma escola que acolhia pessoas deslocadas no campo de Jabaliya, no norte.

Este conflito eclodiu com o ataque do Hamas em 7 de outubro, que deixou 1.205 mortos em Israel, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses que inclui reféns que morreram no cativeiro em Gaza.

Das 251 pessoas raptadas, 97 permanecem em Gaza, 33 das quais foram declaradas mortas pelo Exército.

Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que já deixou 41.534 mortos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

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