A caserna está inquieta com o Governo, e os ecos reverberam nos altos gabinetes das Forças Armadas. Há um embate velado entre o Palácio e os militares que remete, na visão dos oficiais, a um propósito político-eleitoral. O Governo articulou para retirar do Exército a tutela do bilionário programa Calha Norte, criado no Governo Sarney para ações sócio-estruturantes nas comunidades ribeirinhas e isoladas da Amazônia. Agora, foi passado ao poder do Ministério da Integração Nacional. Os militares passam de protagonistas a empregados do ministério, e não há certeza de que haverá o braço forte neste trabalho. O Exército também perdeu para um núcleo de pastas da área social da Esplanada o comando da Operação Acolhida, da entrada – e incessante – de venezuelanos pela fronteira em Roraima. Nos bastidores dessas duas ações, há desconfiança dos militares de que o Governo do PT não quer protagonismo das Forças para operar eleitoralmente os programas. As eleições de 2026 serão o teste da verdade.

Governo retirou das Forças Armadas importantes (e bilionários) programas pela soberania nacional. Militares desconfiam de projetos eleitorais

MB: R$ 2 mi para ações secretas

A assessoria parlamentar da Marinha do Brasil solicitou ao Congresso Nacional R$ 2 milhões de emendas parlamentares para operações secretas. Entre os argumentos, aponta ações sigilosas para combate ao tráfico de entorpecentes. Dados oficiais são claros: a cada dia mais surgem apreensões da Polícia Federal de cargas de cocaína e outras drogas nos portos do Brasil. O tráfico marítimo é a principal rota de saída e chegada dos produtos. A verba é imprescindível. A Marinha já vai estrear em breve o submarino de propulsão nuclear – que pode fazer a rota Rio-Salvador em apenas dois dias – e fortalecer a fiscalização de embarcações da costa.

Atacadão no chão

Guerra velada em Brasília
Ibaneis Rocha

O governador Ibaneis Rocha, do DF, mandou paralisar quando soube de uma obra gigante no coração da tombada Brasília, colada na Arena BRB. Um atacadão de alimentos. Seria como instalar torres eólicas na praia de Ipanema ou uma termelétrica no Parque Ibirapuera. A concessionária informou que vai rever o projeto para a área mista comercial e de lazer.

O experiente Barros é o coringa da vez

“O Supremo está avançando na prerrogativa de outros Poderes. Quem provoca a reação é quem conduz a ação” Ricardo Barros, líder do governo na Câmara

De trânsito suprapartidário, o ex-ministro da Saúde e agora deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) é um coringa para dois lados: respeitado pela oposição a Lula da Silva e requerido pelo Palácio. Esteve com o Barba há dois meses para uma conversa sobre governabilidade, sem qualquer pretensão dos dois lados. Mas é pule de dez que pode surgir como líder do Governo na Câmara ano que vem. Lula precisa de um com seu perfil para alinhar a pauta governista com o centrão. Ocorre que a entrada de Hugo Motta (Rep-PB) na disputa, apadrinhado por caciques do Progressistas, para a presidência, pode mudar o cenário.

Pacheco de terno novo em março

Guerra velada em Brasília
Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco

O ministério do poste de luz (como dizem os prefeitos do interior sobre uma das grandes demandas de eleitores) está perto de iluminar o futuro político do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Na minirreforma vindoura, ele é o potencial sucessor do correligionário Alexandre Silveira – que deve voltar a disputar o Senado. Lula da Silva quer turbinar o nome de Pacheco como seu candidato ao Governo de Minas, diante de um Romeu Zema sem sucessor à altura do atual mandatário do Estado. O MME não terá crise – ficará nas mãos do próprio PSD, sem traumas políticos na governabilidade do Palácio.

Dedo na tomada e curto-circuito

A Abrace, que representa grandes consumidores industriais de energia e gás, se manifestou contra a transferência da distribuidora Amazonas Energia para a Ambar. O presidente da entidade, Paulo Pedrosa, compõe o conselho de administração da Equatorial Energia, interessada na Amazonas.

Buzinaço na Câmara

A chinesa de carros elétricos BYD pode encontrar um quebra-molas político-popular na rota da expansão no Brasil. Está na mira da Comissão dos Direitos do Consumidor da Câmara. De outubro de 2023 a março de 2024, segundo os deputados, foram relatados 850 reclamações por faltas de peças, falhas de motor e de pintura, e outros problemas.

Cazaques & gaúchos

Bolat Nussupov, embaixador do Cazaquistão, se solidarizou com os gaúchos e realiza dia 10 de outubro em Porto Alegre a 3ª reunião do Conselho Empresarial. Informou ao deputado Lucas Redecker (PSDB-RS), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. É o país na Ásia Central com maior comércio bilateral com o Brasil.

NOS BASTIDORES

‘Zap’ pegou fogo

Governadores do centro e da direita estão num grupo de whatsapp e articularam há dias um ‘não’ coletivo ao Palácio para evitar fotos com Lula na reunião sobre incêndios.

Davi bloqueia Elmar

Uma pedra no projeto político de Elmar Nascimento para presidente da Câmara, do mesmo partido de Davi Alcolumbre – garantido o futuro presidente do Senado: Será difícil o União ter as duas Casas.

As batalhas de Amorim

Depois de humilhado publicamente por Nicolás Maduro e seu cupincha Diosdado Cabello, Celso Amorim agora quer priorizar o contato com a China na tentativa de o Brasil ajudar na negociação de paz entre Rússia e Ucrânia. A proposta é ignorada.

O Viveiro do Poder

Acredite, caro leitor. O Senado Federal mantém há anos um viveiro para cultivar plantas ornamentais que decoram a Casa e gabinetes, com servidores bem pagos, a 1 km atrás do Palácio do Planalto.