Alerta gatilho: este texto aborda assuntos como estupro, violência doméstica e violência contra a mulher, podendo ser gatilho para algumas pessoas. Caso você se identifique ou conheça alguém que esteja passando por esse problema, disque 180 e denuncie.

Sean “Diddy” Combs, também conhecido como P. Diddy, foi preso acusado de tráfico sexual, associação ilícita e promoção da prostituição, de acordo com o anúncio da Promotoria de Nova York, nos Estados Unidos (EUA), no dia 17 de setembro.

O rapper e empresário se declarou inocente em tribunal e o pagamento de fiança foi negado, por isso, ele segue preso. A próxima audiência deve acontecer até o dia 24, mas ainda não há data para o julgamento em si.

A seguir, entenda o que se sabe sobre o cantor e as teorias da conspiração em torno de estrelas da música internacional:

Quem é Sean “Diddy” Combs?

Sean “Diddy” Combs é um poderoso magnata norte-americano do setor musical e considerado o mentor por trás da transformação do hip hop em gênero musical no mundo todo.

As polêmicas envolvendo seu nome começaram em 1991, quando ele promoveu um jogo de basquete e um show de celebridades no City College, em Nova York, que resultou em nove mortes após uma confusão. O evento foi superlotado e levou a uma série de processos judiciais, culpando Combs pela contratação de segurança inadequada.

Após o episódio, ele foi demitido da Uptown e fundou sua própria gravadora, a Bad Boy Records. Foi aí que Combs assinou contratos com nomes importantes da música, colaborando na produção de Mary J. Blige, Usher, Lil’ Kim, TLC, Mariah Carey e Boyz II Men.

O rapper também foi vencedor do Grammy, estreou como cantor com o single “Can’t Nobody Hold Me Down” e seu álbum “No Way Out”.

Estrela do rap Sean Combs é acusado de estupro pela cantora Cassie
Estrela do rap Sean Combs é acusado de estupro pela cantora Cassie/Reprodução Instagram (Crédito:Reprodução / Instagram)

Acusação

Segundo processo, durante décadas, P. Diddy “abusou, ameaçou e coagiu mulheres e outras pessoas ao seu redor para satisfazer seus desejos sexuais, proteger sua reputação e ocultar suas ações”, segundo o documento da acusação, que afirma que ele usava seu poder no meio musical para atingir seus objetivos.

Damian Williams, promotor do caso, disse à imprensa internacional que Combs construiu um sistema baseado na “violência” para obrigar as mulheres a “longas relações sexuais com garotos de programa”, sob efeitos de drogas como ecstasy GHB (conhecida como a droga dos estupradores) e cetamina. Além disso, ele ainda gravava os abusos.

“Quando não conseguia o que queria, era violento, (…) chutava e arrastava as vítimas, às vezes pelos cabelos”, disse o promotor.

Apesar das provas, a defesa de Combs reafirma que ele acredita em sua inocência. O advogado dele disse, inclusive, que está decepcionado com a decisão de prosseguir com o que ele descreve como uma “acusação injusta” por parte da Procuradoria dos Estados Unidos.

Cassie

As investigações tiveram como base um vídeo de uma câmera de segurança em um hotel, que foi divulgado em maio, mostrando o empresário agredindo fisicamente sua então namorada, Cassandra Ventura, conhecida como Cassie, e arrastando-a pelo cabelo para o quarto do qual tentava fugir.

A cantora o acusou de drogá-la e de submetê-la a coerção física por mais de uma década. Ela também alegou que foi estuprada por Diddy em 2018.

O caso foi resolvido em um acordo fora dos tribunais, mas uma série de denúncias de agressão sexual veio à tona, incluindo uma apresentada em dezembro do ano passado por uma mulher que alegou que Combs e outros a estupraram em grupo quando ela tinha 17 anos.

Caso Sean Diddy: o que se sabe sobre o rapper acusado de tráfico sexual nos EUA?
Imagem de vídeo que mostra o rapper Sean ‘Diddy’ Combs agredindo a ex-namorada Cassie Ventura — Foto: Reprodução/CNN (Crédito:Reprodução/CNN)

Teorias da conspiração

Desde que Sean Combs foi preso, internautas resgataram vídeos antigos de suas interações com gigantes da música, como Jay-Z, Rihanna, Justin Bieber e Mariah Carey, e criaram teorias da conspiração em relação ao envolvimento do empresário com esses artistas.

Tudo começou quando rumores apontaram que Diddy teria vendido uma fita de festas promovidas por ele por US$ 500 milhões na deepweb. O compositor de R&B Jaguar Wright afirmou que várias celebridades foram incluídas nas supostas imagens, incluindo Justin Bieber, Chris Brown, Rihanna, Nikki Minaj e Drake.

Outro vídeo vazado mostrou Diddy com Justin Bieber ainda criança, no qual ele oferece um carro de luxo, uma casa e “sair para pegar garotas” para o jovem cantor canadense.

Diddy disse, em entrevista em 2002 no programa “Late Night with Conan O’Brien”, que ele colocava trancas nas portas para evitar que as mulheres saíssem de suas festas.

Já a teoria em torno de Rihanna é de que ela tinha apenas 16 anos de idade e morava em Barbados, no Caribe, quando foi traficada por Diddy para a indústria da música.

Ela teria entrado em um avião para Los Angeles e, durante uma madrugada, foi ao escritório de Jay-Z, um dos melhores amigos de Sean Combs, para fechar um contrato milionário.

O próprio Jay-Z admitiu em entrevistas que a cantora realmente esteve em seu escritório até 4 horas da manhã, sozinha, sem os pais, apenas com seu representante profissional.

O marido de Beyoncé disse que ele não deixaria Rihanna sair de seu escritório sem um contrato assinado. No entanto, rumores dão conta de que ele teria ameaçado a cantora, dizendo se ela não saísse de lá pela porta da frente, como nova agenciada, “sairia pela janela”.

Caso Sean Diddy: o que se sabe sobre o rapper acusado de tráfico sexual nos EUA?
GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP/Arquivos