A insuficiência de leitos nos quartos de hotel em Belém para a COP-30 abriu uma janela de oportunidade para os moradores da região. Essa é uma das maiores apostas do governo do estado para conseguir atender às demandas dos turistas.

Nos últimos meses, a Secretaria de Turismo do Pará (Setur) criou um programa para que moradores disponibilizem suas casas para os turistas. Em contrapartida, ganham a possibilidade de obter uma renda extra.

De acordo com a Secretaria Extraordinária da COP-30, são esperados ao menos 6 mil imóveis disponíveis na capital paraense em novembro do próximo ano. A inscrição é simples: por meio das empresas que oferecem hospedagem em imóveis.

“O programa é uma novidade. Já nos reunimos com as empresas especializadas e estamos fazendo o treinamento da população. Nós estamos esperando mais de 6 mil inscritos só nesse tipo de locação. São leitos de qualidade, muita gente já está reformando suas casas”, explica Corrêa. “Em um período de 15 ou 20 dias, vale a pena eles saírem de lá temporariamente porque vai ter uma receita bastante significativa com o aluguel.”

Atualmente, a região metropolitana de Belém conta com 17,7 mil leitos para a hospedagem dos turistas. Nesse número, além de hotéis, estão incluídas as pousadas e motéis.

Para conseguir suprir a demanda das delegações, os governos federal e estadual estão se mobilizando para aumentar os leitos em hotéis. A SeCOP prevê a criação de ao menos três hotéis de luxo na cidade. Um deles será no antigo prédio da Receita Federal, que pegou fogo em 2012 e estava sem utilidade desde então.

Mesmo com os novos hotéis, o Palácio do Planalto prepara a entrega de 500 apartamentos modulares, além da contratação de dois navios de cruzeiro para atender os turistas. Na soma, são esperados cerca de 7,5 mil novos quartos.

“Nós temos em construção três novos hotéis, todos de cinco estrelas, para receber as delegações. Um deles será no prédio da Receita [Federal], que pegou fogo anos atrás. Lá na Estação [das Docas] está sendo feito mais um, e outro no aeroporto, em uma área próxima”, conta.

“Ainda estamos prevendo a criação de 500 apartamentos modulares para atender os turistas. Também estamos empenhados, inclusive com a licitação em andamento, na contratação de dois navios que devem aumentar a capacidade em cerca de 3 mil novos leitos”, ressalta o secretário.

Além dos esforços para a abertura de novos hotéis, os estabelecimentos já existentes correm contra o tempo para aumentar seus leitos. No hotel no qual a reportagem se hospedou, os preparativos para abrir novas suítes, sendo uma de luxo, estão em fase inicial.

De acordo com o Sindicato Patronal de Hotéis do Pará, mais de 90% dos leitos já estão reservados para o período da COP-30. Hotéis de alto luxo ainda têm segurado as vagas para atender às grandes delegações.

“Muitos hotéis estão se preparando para a realização da COP-30. Há alguns que estão se preparando, pegando as reservas das autoridades. Aqui no nosso hotel, por exemplo, recebemos cerca de três ou quatro solicitações de bloqueio por dia. Para atender, estamos preparando mais uma suíte de luxo para os hóspedes”, afirma Eduardo Boulhosa, presidente do sindicato.

“Estão quase todos lotados. Tem um ou outro que ainda está com reservas pendentes. As cidades vizinhas também devem se beneficiar e ter um forte aumento na geração de empregos e na movimentação econômica”, completa.

Sem hotéis suficientes, governo do Pará oferece renda extra para a população atender turistas na COP-30
Hotel de Eduardo Boulhosa deve abrir uma nova suíte de luxo para atender delegações de países

Boulhosa mantém a confiança de que os trabalhos para o aumento de leitos dê resultado para conseguir recepcionar os turistas. Ele exemplifica a época do Círio de Nazaré, em outubro, quando Belém recebe mais de 2 milhões de pessoas.

“Tenho plena convicção que Belém está preparada para receber todos os turistas. Todos os anos temos o Círio de Nazaré, então isso mostra que temos suporte para atender todos os visitantes e autoridades que visitarem a cidade para a COP-30”.

Opinião contrária tem Alcir Gomes, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis e Restaurantes de Belém. Para ele, a cidade não comporta o número de turistas. Em compensação, ele vê com bons olhos a oferta de empregos na área com a chegada de turistas.

“Belém não tem estrutura para receber esse tanto de gente para todos os dias. Terá que abrir [leitos para os turistas] em cidades vizinhas. Mas têm algumas que estão com problemas entre prefeito e governador, o que dificulta um pouco”, acredita.

“Essa COP vai levantar muito a cidade, mas ela é política. Quando ela acabar, tudo acaba e voltamos à mesma situação atual”, declarou.

Em compensação, Acilr acredita que o evento deve aumentar o número de vagas de emprego no setor. Ele ainda exalta as ações das redes para capacitar os funcionários antes da COP-30.

“Uma parte positiva da COP-30 é a geração de empregos. Ainda é cedo para estimar os números, mas os hotéis, pousadas e restaurantes vão reforçar os quadros de funcionários. Vai gerar muita movimentação econômica. Ainda tem os treinamentos de capacitação desses empregados, que deve elevar os trabalhos aqui na região”.