17/09/2024 - 9:42
O volume importado de bens de capital pela indústria de transformação cresceu 19,7% de janeiro a agosto deste ano, ante o mesmo período de 2023, segundo cálculos do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado nesta terça-feira, 17, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). No mês de agosto de 2024 ante agosto de 2023, a importação de bens de capital pela indústria de transformação cresceu 25,5%. O resultado indica uma possível melhora na taxa de investimento do País.
“Aumento de importações está associado ao crescimento do nível de atividade da economia, em especial, os bens intermediários. Aumento das importações de bens de capital revela expectativas positivas em relação ao crescimento da economia que levam ao aumento do investimento”, apontou o relatório do Icomex.
Segundo a FGV, os dados do volume importado de bens de capital mostram uma tendência ascendente que se acentua a partir de março de 2024.
“Se esta é uma tendência sustentável irá depender da trajetória de crescimento da economia para o próximo ano”, ponderou a FGV.
Quanto à importação de bens intermediários pela indústria de transformação, que sinalizam um possível aquecimento do ritmo da produção, houve um avanço de 14,6% em agosto ante agosto do ano passado. No acumulado do ano, o volume importado de bens intermediários pela indústria brasileira aumentou 11,4% ante o mesmo período de 2023.
Considerando todas as importações, a indústria de transformação acumula uma alta de 14,8% no ano. A indústria extrativa aumentou o volume importado em 1,0% de janeiro a agosto, e a agropecuária elevou em 36,3% o volume importado.
“Apesar desse aumento, as importações da agropecuária representam apenas 2,2% do total das importações brasileiras no acumulado do ano até agosto. O maior importador é a indústria de transformação, 91,0% seguido da extrativa, 6,5%. Entre os setores que compõem a indústria de transformação, as três maiores participações são: produtos químicos (participação de 19,5%), com aumento de volume de +14%; máquinas e equipamentos (12,9%), aumento de volume de +12% e equipamentos de informática e eletrônicos (11,2%) e aumento no volume de +20%. Destaca-se ainda veículos automotores, reboques e carrocerias, com participação de 9,1% e crescimento de volume de +44%”, explicou a FGV.
Quanto às exportações, a agropecuária aumentou em 3,8% o volume exportado no acumulado do ano ante o mesmo período de 2023, a indústria de transformação elevou em 1,5%, e a indústria extrativa avançou em 14,3%.
Superávit mais brando
Em agosto de 2024 a balança comercial brasileira teve um superávit de US$ 4,8 bilhões, ante um saldo de US$ 9,6 bilhões no mesmo mês do ano anterior. No acumulado de janeiro a agosto, o superávit foi de US$ 54,1 bilhões, ante um desempenho de US$ 62,4 bilhões no mesmo período de 2023. O volume importado cresceu 14,2% no acumulado do ano, enquanto o volume exportado avançou 4,5%.
Segundo a FGV, o aumento do superávit obtido com o comércio de “Petróleo e Derivados” atenuou a queda dos saldos dos outros produtos comercializados.
“O superávit do “Petróleo e Derivados” aumenta desde 2017 na série histórica de janeiro a agosto. No acumulado do ano até agosto, esse superávit explicou 37,5% do superávit total do Brasil. Em um ano em que a agropecuária tem apresentado um desempenho menos favorável que o do ano passado, em especial, a partir de meados do ano, esse resultado é bem vindo”, frisou o relatório do Icomex.
De janeiro a agosto, o superávit do “Petróleo e Derivados” alcançou US$ 20,3 bilhões, explicando 37,5% do saldo positivo acumulado pela balança comercial brasileira no ano.
“A ascensão do grupo de P&D (Petróleo e Derivados) no Brasil é explicada pelo aumento das exportações de petróleo bruto, que responderam, em agosto, por 72% das exportações totais do grupo. Para a China, o produto é o terceiro principal na pauta de exportação de agosto, com participação de 20,0%, é o primeiro na pauta dos Estados Unidos, com participação de 16,8%, o primeiro para a União Europeia, 25,6%, o primeiro para os países da América do Sul (excetuando a Argentina), 9,9% e o sexto para a Ásia (exceto China) com participação de 6,0%. Para esse último bloco, as exportações de óleos combustíveis estão em quarto lugar com participação de 10%”, apontou a FGV. “No caso do petróleo, além do aumento da produção doméstica, a Guerra da Ucrânia contribuiu para o aumento das vendas, em especial, para a União Europeia.”
Parceiros comerciais
Quanto aos principais parceiros comerciais do Brasil, as exportações brasileiras para a Argentina despencaram 34,8% no acumulado no ano ante o mesmo período do ano anterior, e recuaram 14,3% para os demais países da América Latina. No entanto, cresceram as remessas brasileiras para a China (9,5%), Estados Unidos (13,3%), União Europeia (4,2%) e demais países da Ásia e Oriente Médio (6,0%).
Nas importações, houve aumento no acumulado do ano das compras brasileiras feitas nos mercados da China (35,5%), Argentina (6,4%), demais países da América do Sul (9,4%) e demais países da Ásia e Oriente Médio (16,1%). Houve recuo no volume importado pelo Brasil dos Estados Unidos (-0,7%) e União Europeia (-2,0%).