16/09/2024 - 0:01
Aquecimento global. O desaparecimento de espécies da fauna e da flora. Terras, antes férteis, transformadas em desertos. Plásticos invadindo nossos oceanos, paisagens, e até mesmo a comida e a água que consumimos.
Estes desafios ambientais urgentes serão o foco de uma agenda intensa nos próximos meses, quando a ONU será a anfitriã de quatro grandes eventos para abordar ameaças-chave ao nosso planeta.
O primeiro evento da fila será a 16ª Conferência das Partes (COP, na sigla em inglês) dedicada à biodiversidade, a ser realizada entre 21 de outubro e 1º de novembro na cidade de Cali, na Colômbia.
As COPs são realizadas a cada dois anos para discutir como o mundo pode cooperar para proteger melhor a rica variedade de vida animal e vegetal no mundo natural.
Não são esperadas grandes inovações durante a COP16, que deve realizar um inventário dos avanços feitos desde que a COP15, em Montreal, assegurou, dois anos atrás, garantias históricas para a biodiversidade.
Na ocasião, os países concordaram em colocar 30% das terras e dos mares do planeta sob proteção ambiental até 2030 em um acordo histórico com vistas a conter a perda de biodiversidade e restaurar a saúde dos ecossistemas.
Em Cali, os países irão apresentar suas estratégias nacionais para atender à sua meta global, e os observadores esperam que a Colômbia como anfitriã forneça um modelo a ser seguido.
O Fundo Mundial para a Natureza (WWF) elogiou a liderança já demonstrada pela Colômbia, que abriga quase 10% da biodiversidade do planeta, evidenciada por sua miríade de espécies de aves, borboletas e orquídeas.
A conferência mais importante sobre mudanças climáticas será realizada este ano entre 11 e 22 de novembro em Baku, capital do Azerbaijão, um país rico em petróleo situado no Mar Cáspio, espremido entre a Rússia e o Irã.
Enquanto em 2023 a cúpula de Dubai se concentrou na transição para abandonar os combustíveis fósseis, os debates desta vez devem se concentrar no financiamento climático.
Em seu encerramento, a COP29 deverá apresentar uma nova meta coletiva e quantificada para o financiamento climático, mais conhecida pelo acrônimo em inglês ‘NCQG’.
Ela substituirá o objetivo estabelecido em 2009, que previa que os países ricos fornecessem 100 bilhões de dólares anuais em ajuda aos países em desenvolvimento, uma meta que só foi alcançada em 2022.
“A COP29 representa uma oportunidade para desbloquear mais investimentos climáticos provenientes de uma variedade mais ampla de fontes públicas e privadas e melhorar a qualidade deste financiamento”, informou o World Resources Institute (WRI), um grupo de reflexão americano.
No entanto, há um problema: não há consenso sobre o montante ou a destinação dos fundos ou de seus contribuintes.
E o resultado das eleições presidenciais nos Estados Unidos, no início de novembro, antes da abertura da cúpula, terá uma influência de último minuto nos debates.
A 16ª sessão da Conferência das Partes da convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (COP16) está prevista para ser realizada em Riade, na Arábia Saudita, de 2 a 13 de dezembro.
Surgida na Cúpula da Terra, realizada em 1992 no Rio de Janeiro, esta COP é a menos conhecida das três, mas o que está em jogo na edição de 2024 é muito importante.
A cúpula deve marcar “um ponto de inflexão crucial” na esperança de um “consenso sobre como fortalecer a resiliência diante da seca e como acelerar a restauração de terras degradadas”, disse Arona Diedhiou, diretor de pesquisas do Instituto de Pesquisas para o Desenvolvimento (IRD), com sede na Costa do Marfim.
“As discussões vão se concentrar nas formas de restaurar 1,5 bilhão de hectares de terras até 2030, assim como em implementar acordos para gerenciar as secas que já estão afetando muitas regiões do planeta”, disse ele à AFP.
A quinta e última sessão de negociações internacionais com vistas a concretizar o primeiro tratado internacional legalmente vinculante para combater a poluição por plásticos (INC-5) está prevista para ser realizada entre 25 de novembro e 1º de dezembro em Busan, na Coreia do Sul.
Em 2022, delegações de 175 países concordaram em concluir este tratado até o final de 2024, mas ainda há divisões, especialmente entre os países que defendem a limitação ambiciosa da produção de plásticos e alguns países produtores, que preferem melhorar a reciclagem.
Hellen Kahaso Dena, diretora do Projeto Pan-africano sobre plásticos do Greenpeace, espera que os países “acordem um tratado que priorize reduzir a produção de plásticos”.
“Não há tempo a perder com abordagens que não irão resolver o problema”, disse a ativista à AFP.
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