Ongs veem falta de ambição do G20 para abandonar combustíveis fósseis

Organizações ambientalistas expressaram nesta quarta-feira (11) preocupação com a falta de compromisso dos países do G20 em avançar em direção a uma transição que elimine o uso de combustíveis fósseis.

Um rascunho da declaração do G20 consultado pela AFP “saúda e apoia plenamente o resultado ambicioso e equilibrado” da COP28, que ocorreu em Dubai no ano passado.

O texto, no entanto, não menciona explicitamente o apelo da COP para que se realize “uma transição justa, ordenada e equitativa em direção à eliminação dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos”, que foi a principal conquista da conferência sobre o clima.

O documento de trabalho, com as cores da presidência brasileira do G20 e datado de 24 de outubro próximo, dia previsto para uma reunião dos ministros das Finanças do grupo em Washington, representa um retrocesso em comparação com um rascunho anterior, também consultado pela AFP.

Esse texto incluía explicitamente o apelo para abandonar gradualmente os combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás) como fontes de energia.

“Uma declaração do G20 que nem mesmo mencione a transição fora das energias fósseis… por parte das 20 economias mais poderosas do planeta, criaria um precedente preocupante”, destacou Maria Victoria Emanuelli, da 350.org.

O Brasil, que preside o G20 e sediará a COP30 no próximo ano, tem “uma enorme responsabilidade”, enfatizou em um comunicado.

Os países do G20 reconhecem que representam “cerca de 4/5 do PIB mundial e das emissões de gases de efeito estufa”.

“A resistência dos países em mencionar explicitamente os combustíveis fósseis e a necessidade de abandoná-los é evidente”, lamentou Stela Herschmann, da ONG brasileira Observatório do Clima. Mas é impossível limitar o aquecimento global a 1,5°C “sem enfrentar a raiz do problema”, destacou.

“É muito preocupante que os países do G20 não tenham a vontade de assumir sua responsabilidade de abandonar rapidamente as energias fósseis prejudiciais e liderar os esforços para mudar nosso sistema econômico atual”, acrescentou Shreeshan Venkatesh, da Rede de Ação Climática (CAN-RAC) internacional, o principal coletivo de ONGs observadoras das negociações internacionais.

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