10/09/2024 - 8:20
O prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) minimizou divergências com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e justificou o aumento das intenções de votos bolsonaristas em Pablo Marçal (PRTB) pelas mentiras, segundo ele, que o adversário conta. “A gente está vivendo um momento muito difícil do tal do M da mentira. E por que eu digo um momento muito difícil? É inegável que ele tem uma grande força nas redes sociais e tem uma capacidade de mentir impressionante, que eu fico muito assustado”, afirmou o candidato do MDB. Marçal possui 48% das intenções de votos entre bolsonaristas à frente de Nunes, com 31%, segundo a última pesquisa Datafolha.
Em entrevista ao Roda Viva, nesta segunda-feira, 9, o candidato ressaltou sua participação no ato organizado por bolsonaristas no 7 de Setembro ao lado do ex-presidente e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e destacou ações de governo semelhantes à gestão de Bolsonaro.
“Por exemplo, a questão de ter liberdade, sempre ter aquelas palavras que são mestre, Deus, família, liberdade, e tem tudo a ver com aquilo que eu sempre defendi, de forma muito clara e muito transparente”, disse Nunes. “Crítica ao ex-presidente Bolsonaro, do ponto de vista daquilo que ele pensa, que ele defende, eu não tenho crítica a ele. Eu posso ter alguma divergência de algum ponto que é natural”.
O candidato do MDB criticou ainda a aparição de Marçal na manifestação realizada no último domingo, 7. “O Pablo Marçal chegou no final, quando já havia encerrado e foi lá fazer foto e fazer selfie, então acabou ali não respeitando a liderança, o protagonismo do presidente Bolsonaro”.
Nunes usa assunto do PCC para atacar Marçal
O atual prefeito da capital paulista foi questionado sobre como avançaria no caso do envolvimento do PCC nas empresas de ônibus UPBus e Transwolff e aproveitou para atacar o adversário destacando episódios de envolvimento de Marçal com o crime organizado.
“Sentado nessa cadeira aqui [do Roda Viva], semana passada, estava o seu Pablo Marçal e que falou para todos vocês aqui, os que estavam na banca, que ele iria se afastar, pediu o afastamento do (Leonardo) Avalanche (presidente do PRTB). O que ele fez? Logo em seguida, apareceu com o Avalanche do lado, dizendo o seguinte, que iria honrar aquele cara. Como que ele senta aqui e depois se reúne com o Avalanche, dizendo, vai honrar o quê?”, criticou o candidato.
A respeito do combate ao PCC, Nunes afirmou que irá rescindir os contratos no mesmo dia em que as investigações do caso forem concluídas, mas voltou a atacar o adversário. “Eu não vou deixar essa turma, dessa gangue do PCC, assumir a Prefeitura de São Paulo. Não vou deixar”, disse, em referência aos casos de integrantes do partido de Marçal investigados por ligação com a organização criminosa. Marçal nega qualquer relação com eles.
Candidato se apega à baixa rejeição
Sobre um possível segundo turno, Nunes destacou o fator rejeição das pesquisas eleitorais e se gabou de ter os menores porcentuais mesmo estando à frente da Prefeitura. O atual prefeito aparece em quarto lugar com 21% dos eleitores dizendo que não votariam nele, segundo a última pesquisa do instituto Datafolha.
“A minha rejeição é uma das menores rejeições, isso ajuda muito. Para quem está à frente da gestão, que evidentemente todos os problemas acabam sendo direcionados para quem está dirigindo a cidade e tem que ser assim, não estou reclamando, mas é natural que tenha uma cobrança”.
Campanha nas ruas com Bolsonaro
Nunes foi questionado sobre a postura de Bolsonaro de manter um pé em cada canoa durante a campanha eleitoral e destacou a participação do ex-presidente na convenção partidária que oficializou sua candidatura, além de sua indicação a vice-prefeito, o coronel Ricardo Mello Araújo (PL).
O candidato do MDB disse ainda que, caso a agenda de Bolsonaro permita, ele irá fazer campanha de rua com o ex-presidente. “Eu até conversei com ele e disse assim, não, Ricardo, tem que fazer um pouco mais pra frente, que é onde vai botar mais calor da campanha”, afirmou Nunes sobre a fala do ex-presidente que contrariou o governador Tarcísio de Freitas dizendo ser “muito cedo” para entrar “massivamente” na campanha.