Nascido em Minas Gerais, Gabrielzinho deu um show de carisma nas piscinas das Paralimpíadas e foi eleito a estrela do evento pela France2, o principal canal de televisão público da França. O brasileiro foi campeão de três provas e chegou a ser citado por Tony Estanguet, presidente do evento, na cerimônia de encerramento.

Gabriel Geraldo Araújo dos Santos, o Gabrielzinho, recebeu o diagnóstico de focomelia ainda na gestação. Trata-se de uma doença congênita que impede a formação natural dos braços e das pernas. Durante sua infância, conheceu a natação através de um professor de Educação Física na escola onde estuda, nos Jogos Escolares de Minas Gerais (JEMG). Agora, aos 22 anos, Gabrielzinho dá um show de talento e carisma na natação paralímpica.

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Como ele mesmo diz, Gabriel não vence as provas. Ele “amassa”. Campeão dos 50m costas, 100m costas e 200m livre, o nadador esbanjou todo seu carisma após as provas, deixando o público da Arena La Defence eufórico. Logo no seu primeiro ouro, que também foi o primeiro do Brasil nas Paralimpíadas de Paris, ele cunhou o bordão que viria a ser sua marca.

“Eu estou muito feliz e muito emocionado. É uma prova muito difícil e que mexe muito comigo por ter sido prata em Tóquio. Eu e meu treinador trabalhamos muito para que essa medalha de prata virasse de ouro. (…) Eu ficaria feliz com o ouro, mas do jeito que foi a prova, sem igual. Porque eu não nadei, eu amassei, eu acabei com a prova”, disse Gabrielzinho após o ouro nos 100m S2.

E assim foi. Nos 50m, ele voltou a repetir o bordão. Cada subida ao pódio significava que viria alguma dança, conquistando o público francês da Arena La Defence e também de fora. Separando o foco da prova e a descontração do pódio, Gabriel atingiu tamanho sucesso que foi o único brasileiro a ser convidado para participar de um programa da principal televisão pública da França, sendo apresentado como o “Pelé das piscinas brasileiras”.

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Campeão também dos 200m livre, o nadador disse ainda que seu principal sonho sempre foi conquistar o Mundo por ser quem ele é. “Eu sempre disse que minha meta de vida era essa. Levar minha alegria. Saber que as pessoas descobrissem minha história e a natação tem proporcionado isso. E esse carinho é maravilho. Toda essa energia é sensacional e eu tô muito feliz com o carinho das pessoas”, disse ele após vencer os 50m.

A cara dos Jogos Paralímpicos, Gabrielzinho ainda receberia destaque durante a cerimônia de encerramento. Ele foi o único brasileiro a ser convidado pelo presidente do evento Tony Estanguet a subir no palco. Enquanto citava os grandes feitos dos Jogos, Estanguet fez questão de citar Gabrielzinho.

“Quando Aurélie Aubert conquistou o ouro na bocha, choramos com ela. Ontem (sábado), quando Frédéric Villeroux marcou o gol decisivo da França no futebol de cegos, fomos ao paraíso. (…) Quando Gabrielzinho, o brasileiro, conquistou três medalhas diante de uma torcida incendiada, mudou nossa visão sobre as diferenças”, declarou Estanguet.