06/09/2024 - 12:01
BRUXELAS, 6 SET (ANSA) – O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, presidente rotativo da UE, afirmou nesta sexta-feira (6) que um encontro entre os líderes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, é possível para encerrar a guerra desencadeada em 2022.
“Um encontro entre Putin e Zelensky é certamente possível e necessário”, declarou ele a discursar no Fórum Ambrosetti, em Cernobbio, na Itália.
O premiê húngaro, expoente da extrema direita europeia, lembrou que “há uma grande literatura na Europa sobre como criar a paz e esta literatura abundante refere-se ao diálogo que, se não ocorrer no momento certo, a escalada cresce e tudo fica mais difícil”.
“Depois, há o cessar-fogo, sobre o qual existe um mal-entendido na opinião pública ocidental de que devemos primeiro elaborar um plano de paz, depois iniciar negociações e depois implementar o cessar-fogo”, acrescentou.
Orbán advertiu que “o processo não é assim, porque olhando para as experiências mais recentes”, o seu ponto de vista pessoal é que “primeiro vem o cessar-fogo, depois o diálogo e finalmente o plano de paz”.
Durante o discurso, o líder da Hungria reagiu com irritação a uma pergunta de um jornalista sobre se planejava “fazer as pazes” com Zelensky, após as divergências causadas pela sua visita a Moscou assim que assumiu o cargo de presidente rotativo da UE.
“Temos um bom relacionamento, do que você está falando?”, disse Orbán ao repórter. “O diálogo é realmente importante. Se não houver diálogo não há possibilidade de paz”, acrescentou, defendendo a sua viagem à Rússia para ver Putin.
Além disso, o primeiro-ministro húngaro teceu elogios à sua homólogo italiana, Giorgia Meloni, com quem partilha o espaço da extrema-direita europeia, mas de quem se distanciou formando um novo grupo parlamentar. Ela também apoia firmemente Kiev e rejeita qualquer aproximação com Putin.
“Meloni é minha ‘irmã cristã’. No início, esta relação não tinha um papel importante na política europeia, mas agora juntos podemos abrir uma nova era”, enfatizou.
Segundo Orbán, “ter as mesmas bases culturais desempenha um papel mais importante do que no passado” e Giorgia Meloni “não é apenas uma colega política, mas uma ‘irmã cristã’, um conceito que tem um significado político fundamental para a Hungria” e “também para a Itália”. “Este aspecto cultural da política regressará à Europa como deveria ser”.
Migração – Por fim, ele referiu-se a uma das questões que unifica a extrema direita europeia, que é a crise migratória. “A imigração está a desintegrar cada vez mais a estrutura europeia e seria muito melhor conceder a opção de optar por sair aos países da UE que não querem seguir a política comum, em vez de forçá-los a permanecerem juntos”, afirmou.
Para Orbán, “há um problema grave na Itália e em muitos países” que “decidiram deixar entrar muitos imigrantes” e agora têm “dificuldades em gerir a coexistência”, ao contrário da Hungria, que “nunca os deixou entrar”.
Desta forma, as decisões que devem ser tomadas pertencem “à soberania nacional”. Em sua declaração, o húngaro criticou a Comissão Europeia, liderada por Ursula von der Leyen.
“A Comissão Europeia provou ser um fracasso em termos de competitividade da economia europeia, de imigração e de parar a guerra”, disse ele.
“Quando falo da competitividade da Europa, refiro-me, antes de mais, a reconsiderar o Acordo Verde, porque agora está a ser gerido contra a comunidade empresarial e a lógica e os interesses das empresas europeias”, concluiu, referindo-se ao plano de transição verde para a Europa. (ANSA).