O presidente Lula da Silva sabe que não tem a maioria na Câmara dos Deputados, e o atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), não quer ser esquecido após seu mandato à Mesa. Então decidiram se encontrar, a base de suco de laranja e canapés, e fecharam acordo. Os dois negam oficialmente, mas vem aí Hugo Motta (Rep-PB) como o candidato de consenso. Foi o jeito de fazerem as pazes. Será um nome mais próximo do Palácio, sem esquecer quem o apadrinhou: Lira e o Centrão avalizaram. Motta já parte com 300 votos, garantidos também no PDT, PSB, e boa parte do PT, avalizado pelo Barba. Lula evita se envolver, diz que não tem nada contra o jovem deputado de 34 anos. O presidente lembra suas agruras com as candidaturas fracassadas dos petistas Eduardo Greenhalgh e Arlindo Chinaglia. Com o acordo, Lira tem a garantia de que os ministros palacianos não vão se meter. A despeito do cenário desenhado – e ele já está ciente – Antonio Brito (PSD-BA) bate pé para manter sua candidatura. E Elmar Nascimento, o até então nome de Lira à sucessão, não ficará abandonado. Deve ganhar uma vaga no TCU ano que vem.

Lira não quer voltar à planície, e Lula prefere um aliado que um inimigo na Câmara. A paz selada entre os dois levará a uma candidatura

Risco de cadeia em repatriação

Importantes políticos – com e sem mandatos – de grande partido usam uma mansão na exclusiva QI 11, no Lago Sul em Brasília, como quartel-general para operação financeira-eleitoral. Egressa de variados cargos em bancos oficiais em outros Governos, a turma está repatriando recursos não contabilizados de contas off-shore das Bahamas, Malta e Oriente Médio. É um saldo enviado há anos, e que volta para ajudar em campanhas eleitorais Brasil adentro. Mas esbarraram num entrave administrativo legal. Antes, podiam trazer o dinheiro como pessoa jurídica, e agora, só com o informe do CPF. E pouquíssimos estão arriscando meter a cara nisso.

Aquele passeio pago

O deputado Ricardo Ayres
O deputado Ricardo Ayres (Crédito:Câmara dos Deputados)

Há sempre uma rota para explorar. O deputado Ricardo Ayres (Rep-TO) aprovou na Comissão de Viação e Transportes requerimento para uma comitiva representar o colegiado em missão oficial (com tudo pago por você) na COP-29, em Baku, Azerbaijão, de 11 a 22 de novembro. “A Comissão desempenha papel crucial na Conferência das Partes”. Bem sabemos…

Protegida de Miriam bloqueia Barbalho

Jader Barbalho Filho
Jader Barbalho Filho (Crédito:Reprodução/X)

O Ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho se tornou uma espécie de “rainha da Inglaterra” na Esplanada dos Ministérios por conta do Programa Minha Casa, Minha Vida. A pasta era responsável pelo regramento e pagamento das obras. Em decisão recente dos ministros palacianos, o ministério ficou apenas com as normas e fiscalização, e o pagamento agora está nas mãos de Inês Magalhães, vice-presidente de Habitação da Caixa. Ela é ligada à secretária-executiva da Casa Civil do Planalto, Miriam Belchior, e ao ex-ministro Zé Dirceu. A família Barbalho apelou ao presidente Lula, que avisou não saber de nada…

Governo tira verbas dos militares

O candidato ‘LuLira’ vem aí
Fronteira entre Brasil e Venezuela

Os militares perderam o controle da Operação Acolhida (apoio à entrada de venezuelanos por Roraima) para o Ministério do Desenvolvimento Social, de Wellington Dias. Em suposta retaliação, o Ministério da Defesa não cede mais aviões para as visitas parlamentares solicitadas à região. Agora, a excelência que compre uma passagem em voo comercial para Boa Vista. Além disso, não vai nada bem a relação do Exército com a Defesa e o Ministério da Integração – a pasta pediu para sua tutela o bilionário orçamento do Programa Calha Norte, de investimentos em infraestrutura na Amazônia Legal.

Gás hermano na conta de quem?

O deputado Pazuello (PL-RJ) cobra do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, transparência no fornecimento de Gás Natural Liquefeito à Argentina (dona da maior reserva mundial e mal explorado campo de gás). Quer saber quais as condições comerciais e as empresas que participam.

Brasil sem voz na OEA

O representante do Brasil junto à OEA, Benoni Belli, foi orientado pelo chanceler Mauro Vieira e pelo assessor especial da Presidência, Celso Amorim, a evitar entrevistas e sequer soltar alguma vírgula em nota sobre o aloprado processo eleitoral da Venezuela. E a OEA passou a ver com maus olhos a posição duvidosa do Brasil no caso.

Turismo ficou na lama

Enquanto o Congresso ainda analisa a MP que direciona R$ 12 bilhões para Porto Alegre, a cidade e região ficam a conta-gotas de verbas na reconstrução, e um dos setores mais castigados é o de hotéis e eventos. Vários ainda não reabriram, e com redução de voos, o turismo caiu consideravelmente. O trade não sabe a quem recorrer.

NOS BASTIDORES

O candidato Loulos

O marqueteiro do PT fez de Guilherme Boulos (PSOL) um Lula 2.0, uma jogada para o povo identificá-lo com o padrinho: os trejeitos, discurso, até a voz ficaram parecidos.

Minirreforma vem aí

Uma ciumeira na base governista que Lula da Silva terá de resolver em fevereiro: 14 dos 37 ministros são do Nordeste/Norte. Aliados reclamam da pouca representação do Sul e Centro-Oeste. A conferir.

Cadê o camburão?

Parece que o STF não quer o peso da prisão de um ex-presidente condenado em 2023 pela própria Corte por negociatas. Fernando Collor está aliviado. Gilmar Mendes – um dos dois votos de absolvição – segue sua vista dos embargos desde junho.

Vape sertanejo

A Anvisa está de olho no sertanejo Gusttavo Lima. Ele foi contratado a peso de ouro como embaixador de uma marca de vodka que também negocia cigarros eletrônicos no mercado nacional, ainda proibidos.