Prazo de Moraes a Musk para bloqueio do X se esgota hoje; saiba o que pode acontecer

A derrubada do X no Brasil, determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes em caso de descumprimento de ordem judicial por parte do empresĆ”rio Elon Musk, deverĆ” passar antes pela AgĆŖncia Nacional de TelecomunicaƧƵes (Anatel).

ƀs 20h desta quarta-feira, 28, Moraes ordenou que Musk informe, em atĆ© 24 horas, quem serĆ” o novo representante da plataforma no Brasil, “sob pena de imediata suspensĆ£o das atividades da rede social”. Juristas ouvidos pelo EstadĆ£o consideram que a intimaĆ§Ć£o Ć© atĆ­pica e ilegal. Procurada, a defesa do X afirmou “nĆ£o ter autorizaĆ§Ć£o para falar sobre casos em andamento”.

Caso a suspensĆ£o seja levada a cabo, a Anatel, cuja funĆ§Ć£o Ć© ser intermediĆ”ria entre o Poder JudiciĆ”rio e as prestadoras de serviƧo, deve ser a primeira a agir. Assim que receber a ordem judicial, a agĆŖncia deve procurar todas as empresas que oferecem acesso Ć  internet e lhes informar que a decisĆ£o do STF ordena o bloqueio do acesso dos clientes ao X.

Nesse caso, atĆ© mesmo a Starlink, que tambĆ©m pertence a Musk e vende serviƧos de internet por satĆ©lite, precisaria agir para bloquear o X, sob risco de ser penalizada pela JustiƧa. A empresa, no entanto, jĆ” sofreu puniĆ§Ć£o judicial neste mĆŖs, quando Moraes mandou bloquear seus recursos financeiros, de acordo com a GloboNews, para garantir o pagamento da multa aplicada ao X, diante da falta de um representante legal para a rede social.

A Anatel nĆ£o regula diretamente as plataformas digitais, mas sim as empresas de telecomunicaƧƵes. Caso alguma delas se recuse a cortar o acesso ao site alvo da suspensĆ£o, a empresa nĆ£o estarĆ” desobedecendo Ć  Anatel, mas a uma ordem judicial. Eventuais puniƧƵes pelo descumprimento de ordem judicial sĆ£o de competĆŖncia do prĆ³prio JudiciĆ”rio.

O WhatsApp jĆ” foi bloqueado outras vezes no Brasil. A primeira determinaĆ§Ć£o pedindo a suspensĆ£o ocorreu em 2015, com a decisĆ£o de um juiz de Teresina, apĆ³s a empresa ter se negado a conceder informaƧƵes para uma investigaĆ§Ć£o policial. Mas o aplicativo nĆ£o chegou a ficar fora do ar naquele momento, pois um desembargador do PiauĆ­ derrubou o mandado.

Em dezembro do mesmo ano, uma Vara Criminal de SĆ£o Bernardo do Campo, na Grande SĆ£o Paulo, determinou o bloqueio do WhatsApp, tambĆ©m por descumprimento judicial. O aplicativo ficou inativo aos usuĆ”rios, pela primeira vez, por cerca de 14 horas, atĆ© que uma liminar do Tribunal de JustiƧa liberou seu funcionamento.

O Telegram tambĆ©m foi ameaƧado de bloqueio, e da mesma forma por Moraes, mas nĆ£o chegou a sair do ar. Em 2022, o ministro do STF mandou suspender o funcionamento do aplicativo, sob a acusaĆ§Ć£o de constante descumprimento de ordens judiciais. Na ocasiĆ£o, as autoridades queriam o bloqueio de perfis apontados como disseminadores de informaĆ§Ć£o falsa. A PolĆ­cia Federal afirmava que o aplicativo era usado para a prĆ”tica de diversos crimes por causa da dificuldade na identificaĆ§Ć£o dos usuĆ”rios.