Com penachos de plumas coloridas e portando lanças, um grupo de indígenas waorani protestou, nesta terça-feira (20), em frente ao Ministério de Energia em Quito, exigindo a suspensão da extração de petróleo na reserva amazônica de Yasuní.

“Todo o Equador disse: não ao extrativismo neste bloco 43”, declarou Zenaida Yasacama, vice-presidente da poderosa Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), que apoia a demanda de um setor do povo wao.

Há um ano, 59% dos eleitores equatorianos decidiram em uma consulta popular deixar o petróleo debaixo da terra nessa área que faz parte de Yasuní (leste), uma reserva da biosfera onde vivem várias comunidades indígenas, algumas em isolamento voluntário.

A consulta estabeleceu a retirada progressiva e ordenada de toda a atividade relacionada à extração de petróleo em no máximo um ano. O governo não cumpriu essa decisão, e mais de 50 mil barris por dia continuam a ser extraídos.

“Viemos exigir o cumprimento do ‘Sim’ a Yasuní”, expressou Yasacama, que liderou cerca de 50 indígenas e ambientalistas que se manifestaram pacificamente em frente à sede ministerial.

Ocupando apenas 0,08% do um milhão de hectares do parque amazônico protegido, o bloco 43 é o principal de todos os que produzem dentro de Yasuní e contribui com 10% da produção nacional total.

O governo tem mostrado sinais de querer adiar a suspensão da atividade nessa área. “A moratória [do fechamento do bloco 43] é um caminho viável”, declarou o presidente Daniel Noboa.

O presidente da nacionalidade waorani, Juan Bay, pediu na capital para “salvar a Terra, salvar esse pulmão do mundo que é Yasuní”.

Sem falar em nome da ONU, especialistas independentes em direitos humanos afirmaram, nesta terça-feira, que o Equador deve respeitar a vontade do povo e interromper as atividades petrolíferas no Parque Yasuní.

Os especialistas também expressaram sua preocupação com as informações sobre a perfuração de novos poços e pediram às autoridades que apliquem urgentemente a vontade popular e acelerem o processo de transição.

O Equador estimou no ano passado perdas de US$ 16,47 bilhões (R$ 89,8 bilhões na cotação atual) em duas décadas com o fechamento do bloco 43.

“O fracasso do Equador em cumprir com a vitória de Yasuní mina a democracia, os direitos indígenas e a justiça climática”, indicou a ONG Amazon Frontlines, que trabalha com a nacionalidade waorani.

A organização acrescentou que o “descumprimento” de Quito “destaca ainda mais as ações insuficientes de muitos governos globais para cumprir com seus compromissos” de frear as mudanças climáticas.

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