15/08/2024 - 6:50
O gravador de voz do avião ATR-72-500 que caiu em Vinhedo (SP) na sexta-feira, 9, capturou gritos de passageiros e diálogos entre o piloto e o copiloto sobre a necessidade de aumentar a potência da aeronave, segundo o Jornal Nacional. No entanto, a análise do áudio da cabine por si só não é suficiente para determinar a causa do acidente. O Centro de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) informou que o relatório preliminar será divulgado em até 30 dias.
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A caixa-preta, fundamental para a investigação de acidentes aéreos e para a prevenção de futuros eventos, é um dispositivo essencial em voos comerciais e de transporte de passageiros. Apesar do nome, essas caixas são na verdade laranjas para facilitar a localização em caso de acidente. Elas são feitas de aço e titânio, pesam cerca de 4,5 kg e possuem quatro componentes principais: sistema de proteção, farol subaquático, dispositivo de memória resistente a choques e armazenamento de gravação.
Existem dois tipos de gravadores na caixa-preta: o Gravador de Dados de Voo (FDR – Flight Data Recorder), que registra informações técnicas e operacionais do voo, como altitude, velocidade e configurações dos controles; e o Gravador de Voz da Cabine (CVR – Cockpit Voice Recorder), que capta conversas na cabine de pilotagem e outros sons críticos, como alarmes.
Resistente a altas temperaturas e fortes impactos
A caixa-preta é projetada para suportar condições extremamente severas. Feita de uma liga resistente de aço e titânio, ela é capaz de suportar forças de até 3.400 G, ou seja, 3.400 vezes a força da gravidade terrestre, e resistir a temperaturas que variam de -60ºC a 1.100ºC.
No caso do acidente com o ATR-72, mesmo com o impacto devastador conhecido como “parafuso chato”, que resultou na morte das 62 vítimas e deixou pouca chance de sobrevivência, a caixa-preta foi encontrada em boas condições, conforme relatado pelo secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite.
Embora seja chamada de caixa-preta, a peça é, na verdade, laranja. Essa cor vibrante facilita sua localização entre os destroços e em ambientes difíceis de visualizar.
Geralmente, a caixa-preta é instalada na parte traseira dos aviões, uma área estatisticamente menos propensa a danos em acidentes aéreos. Além de ser resistente, o dispositivo é equipado com sua própria fonte de energia e emite um sinal de localização que pode ser rastreado até mesmo no fundo do oceano, garantindo a preservação das conversas do piloto e dos dados do voo.
Acidente em Vinhedo
No trágico acidente em Vinhedo, o avião de médio porte, um turboélice ATR-72, estava transportando 58 passageiros e quatro tripulantes de Cascavel (PR) para Guarulhos (SP) quando caiu. A tragédia resultou na morte de 62 pessoas e é o maior desastre aéreo no Brasil nos últimos 17 anos, o quinto maior em número de vítimas na história do espaço aéreo brasileiro.
Vídeos capturados por moradores mostraram o avião em queda livre, realizando um movimento conhecido como “parafuso chato”, indicando que a aeronave estava em estol – uma condição onde a sustentação necessária para o voo é perdida.
O avião da Voepass havia sofrido um dano estrutural em 11 de março deste ano, quando a cauda do avião colidiu com a pista durante o pouso de um voo de Recife para Salvador. Após reparos, o turboélice ATR-72-500 voltou a operar em julho. Apesar dos danos descritos no parecer do Cenipa, que foram considerados leves, o acidente continua sob investigação.
* Com informações do Estadão Conteúdo