A queda de 1,0% no volume vendido pelo comércio varejista junho ante maio foi pontual, com forte influência da base de comparação elevada, afirmou Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Ainda que essa leitura do curto prazo tenha apontado para baixo na passagem de maio para junho, ela aponta para cima em quaisquer dos outros indicadores. Nesse momento, é o que temos: um ponto negativo nos últimos seis”, afirmou Santos. “Nesse momento, a queda de junho é pontual.”
O pesquisador lembra que a sequência de cinco meses consecutivos de expansão fez o varejo renovar patamares recorde de vendas até maio. “Esse é o primeiro resultado negativo do ano”, lembrou. “Esse resultado vem muito mais com esse principal fator que é o efeito base (de comparação elevada)”, reforçou.
Entre as atividades varejistas, a queda global em junho foi puxada pela retração nas vendas dos supermercados, que possui o maior peso na pesquisa.
“Então isso arrasta esse resultado médio para o campo negativo”, disse Santos. “E a questão da base (de comparação) alta também faz sentido para o setor de hiper e supermercados. Porque a gente vem de uma série bem constante de crescimento nessa atividade, ou próxima da estabilidade, indicando que essa base também estava bem alta. Supermercados também estavam no ponto mais alto da série histórica em maio.”
O segmento de outros artigos de uso pessoal e doméstico também teve efeito negativo relevante sobre a média do varejo em junho ante maio. Santos revelou que houve contribuição de um “recuo um pouco mais forte para lojas de material esportivo, mas também com queda nas lojas de departamento”.
Além da base de comparação elevada, os dois segmentos foram pressionados por pressões inflacionárias em junho, diz o IBGE. Santos pondera que a leitura permanece positiva para o varejo numa perspectiva de médio e longo prazos: as vendas permanecem em alta nas comparações trimestral, semestral e no acumulado em 12 meses.
“Em qualquer um dos indicadores que a gente olhar, que tenha essa perspectiva mais de longo prazo, essa leitura (positiva) é válida”, disse. “Em curto prazo, tem supermercados caindo, farmacêutica continua subindo. Na leitura de médio e longo prazo, ambas estão fazendo esses indicadores (do varejo) ficarem mais positivos.”
Entre os elementos macroeconômicos positivos favorecendo o varejo estão o crescimento da massa salarial e elevação do número de pessoas ocupadas, justificou o pesquisador.