Alerta: Este texto trará relato de depressão, ansiedade e pânico, e pode gerar gatilho em quem estiver passando por situações semelhantes. Se você perceber que está sentindo sobrecarga emocional ou pensando em se machucar, procure ajuda de um médico, psicólogo, familiar, ou ligue para o CVV – Centro de Valorização da Vida (ligue 188).

Monique Evans fez um longo relato em seu perfil no Instagram sobre dois problemas de saúde mental que enfrenta a vida toda: depressão e transtorno de personalidade borderline.

A modelo, de 68 anos de idade, gravou uma sequência de Stories para contar que teve uma recaída da depressão enquanto embarcava de volta da lua de mel com a esposa, Cacá Werneck, mas não sabe o que pode ter causado o gatilho. Segundo ela, nem sempre as recaídas para um estado depressivo precisam acontecer por um motivo específico.

“Começou na viagem e foi piorando. Para eu sair na rua é uma loucura. É um esforço que vocês não têm noção. É um pânico, uma aflição. Fui parar no hospital achando que estava com algum problema cardíaco. Estou com depressão, tenho psiquiatra amanhã e ele deve trocar os meus remédios”, iniciou Monique.

“O que eu tenho [também] se chama borderline e dá vários problemas. Eu convivi com isso, imagine, minha infância toda, no colégio sem saber o que era, sem saber porque eu me sentia diferente das outras meninas. Bárbara segurou muito a minha barra quando era adolescente. Hoje em dia, eu não tenho mais aquelas crises, mas estou passando por uma crise diferente”, completou.

Passados os primeiros dias de crise, a veterana voltou para a sua casa, no Rio de Janeiro, e está reclusa em seu quarto, tentando se recuperar do momento conturbado. Ela levantou a possibilidade de ser internada em uma clínica psiquiátrica, assim como aconteceu no passado, mas está preocupada de tomar tal decisão e não ter quem pague as suas contas, pois no hospital os pacientes não têm acesso a celular.

Assim que os vídeos de Monique foram publicados, Bárbara Evans, filha da modelo, gravou a sua versão do relato na mesma rede social. A influenciadora digital mora na cidade de Adolfo, no interior de São Paulo, mas garantiu que procura dar suporte à modelo sempre que possível. Ela confirmou que quando era mais jovem sofreu com os transtornos da mãe, mas que sempre a apoiou e continua presente.

“Muita gente tem depressão, é uma coisa muito ruim, e ela convive com isso desde que nasceu. Quando éramos só nós duas, passei por muitas coisas, as crises eram bem mais fortes. É uma coisa bem difícil de lembrar e de falar, mas superamos. A gente faz tudo que pode daqui de onde moramos, a gente dá amor e carinho, que é o principal. Quando ela quer vir para cá, a gente traz ela para ela ficar um pouco com os netos”, começou Bárbara, que tem três filhos: Ayla, de 2 anos, e os gêmeos Álvaro e Antônio, de 3 meses.

A ex-participante de “A Fazenda”, da Record, comemorou que Monique irá passar em consulta com um psiquiatra, porque segundo ela, sua mãe é relutante em procurar ajuda médica.

“Ela disse que vai amanhã ao psiquiatra, graças a Deus, porque ela é difícil de convencer, faz só o que ela quer, mas ficamos felizes que ela resolveu pedir ajuda e trocar os medicamentos, que parece que não estão funcionando”, explicou.

Por fim, Bárbara ainda disse que vai apoiar a mãe, caso ela opte pela internação, e que poderá ficar responsável por pagar as suas contas, já que Monique apontou isso como um empecilho para a sua possível internação.

“Vivi toda minha vida com ela com depressão, então compreendo e respeito. Claro que, se ela optar em se internar, a gente vai dar um jeito de pagar as contas dela, vai dar um jeito de ajudar. Sempre estamos mandando muito amor por aqui, as crianças são apaixonadas por ela. Só que desde que ela voltou dessa viagem, que foi a lua de mel, ela voltou dessa forma. A gente ama muito minha mãe e tudo que a gente puder fazer para ajudar a gente faz”, concluiu Bárbara.

O que NÃO dizer a uma pessoa que tem depressão?

Em entrevista ao site IstoÉ Gente, a psicóloga doutoranda da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Larissa Fonseca* afirmou que diminuir a importância dos sintomas de uma pessoa com depressão só piora o quadro do paciente.

“Evite minimizar o sofrimento, usando frases, como ‘isso é falta de força de vontade’ ou ‘você só precisa se animar’. Comentários que reforçam estigmas ou sugerem que a pessoa deve superar sozinha podem ser prejudiciais. Nunca compare a depressão com preguiça ou fraqueza, pois isso pode aprofundar o isolamento e a culpa”, declarou.

Outras expressões que devem ser evitadas são:

  • “Todo mundo tem essa tristeza, é normal”;
  • “tire férias”;
  • “reaja”;
  • “você não tem motivos para ficar assim”.

Como acolher um ente querido com depressão?

“A família deve oferecer um ambiente de acolhimento e compreensão, evitando julgamentos. É essencial escutar a pessoa, respeitar seus sentimentos e incentivar a busca por tratamento profissional. Demonstrar apoio constante, participar de consultas médicas se possível, e estar presente sem pressionar são atitudes fundamentais”, afirmou Larissa.

Como tocar no assunto de tratamento com alguém com depressão?

“É importante iniciar a conversa com empatia, expressando preocupação genuína e evitando tom crítico. Uma abordagem delicada pode incluir perguntas abertas, como ‘você tem se sentido diferente ultimamente em relação ao tratamento?’ ou ‘será que conversar com o médico sobre a medicação poderia ajudar?’. O objetivo é apoiar sem impor, mostrando-se disponível para ajudar na busca por soluções. Incluir: quer que eu agende? Eu vou com você, pode ser muito bom, às vezes sozinhos não conseguimos mesmo, a pessoa com episódios de depressão acentuada pode ter falta de energia para até, levantar da cama, tomar um banho”, detalha a psicóloga.

Quando a medicação precisa ser trocada?

Segundo o psiquiatra da secretaria municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Bruno Pascale Cammarota**, o paciente precisa ficar alerta sobre alguns sintomas para pedir alteração de medicação.

“A pessoa não melhorar da perda de energia, da falta de iniciativa, manter-se isolada, sem concentração. Em geral, as respostas aos sintomas aparecem até 12 semanas do início do tratamento. Porém, há efeitos adversos que são insuportáveis para o indivíduo, como náuseas, vômitos. [Então, é ideal ficar atento] quando passam de duas semanas após o início do tratamento”, explicou.

Qual a diferença entre depressão e borderline?

“Transtorno de personalidade borderline acontece quando o indivíduo apresenta episódios de auto agressividade, auto destruição, labilidade emocional, fragmentação de sua auto estima, baixa tolerância a frustração, tendência a abuso de substâncias. Já a depressão envolve perda de energia, de interesse, entre outros sintomas. Os medicamentos antidepressivos, entre outras classes terapêuticas, associadas ao acompanhamento psicológico, ajudam na melhora e estabilização do quadro”, completou Pascale.

Fontes:

* Larissa Fonseca – Psicóloga – CRP 06/113289 Doutoranda Unifesp em Ansiedade, Depressão, Estresse, Sono e Sexualidade Feminina Pós Graduação na Universidade Federal de São Paulo.

** Dr. Bruno Pascale Cammarota* – Médico Psiquiatra – CRM 52777170 rqe 27046. Tem 18 anos de atuação na área. Mestre em saúde pública pela Unesa. Médico psiquiatra da secretaria municipal de Saúde do Rio de Janeiro.