“Nunca estivemos tão fortes!”: a líder opositora María Corina Machado reapareceu e liderou neste sábado uma grande manifestação contra a proclamação de Nicolás Maduro presidente reeleito da Venezuela, em um dia em que milhares de chavistas foram às ruas em apoio ao presidente esquerdista.

Maduro denunciou hoje um plano para “usurpar” o poder. Milhares de chavistas saíram às ruas em defesa da sua vitória, quase uma semana após as eleições de 28 de julho, questionada pelos Estados Unidos e por vários países da região.

O presidente esquerdista insiste em que as acusações de fraude fazem parte de um plano de golpe de Estado contra ele, e alertou que “não se aceitará, com as leis nacionais, que se pretenda usurpar novamente a Presidência”, referindo-se ao reconhecimento internacional que Juan Guaidó recebeu em 2019.

– ‘Perderam toda a legitimidade’ –

Apesar do medo de repressão, milhares de opositores reuniram-se hoje em Caracas, onde María Corina reapareceu, dois dias depois de anunciar que ocultaria seu paradeiro por motivo de segurança, após Maduro pedir a prisão da opositora e do representante dela na eleição, Edmundo González Urrutia.

“Liberdade, liberdade!”, gritaram milhares de opositores no leste de Caracas, enquanto María Corina passava no alto de um caminhão.

“Estamos defendendo a soberania popular por meio do voto!”, disse a opositora, 56, que vestia uma camiseta branca. “Nunca o regime esteve tão fraco. Eles perderam toda a legitimidade. Não vamos sair das ruas”, proclamou.

Após o ato, María Corina deixou o local em uma moto, que partiu em alta velocidade.

“Sinto esperança quando a vejo, apesar das ameaças, sinto que ela é uma luz para a Venezuela. Tenho muita fé que vamos sair desse governo. Não haverá mais miséria. Vamos prosperar”, disse à AFP Adrian Pacheco, um comerciante de 26 anos.

A oposição organizou manifestações semelhantes em outras cidades do país, nos Estados Unidos e na América Latina e Europa.

“Maduro é ilegítimo. Não somos terroristas, estamos lutando pelo nosso país, pela liberdade”, disse Jezzy Ramos, chef de cozinha de 36 anos, casada e mãe de uma filha.

– Chavistas –

A passeata do chavismo foi até o centro de Caracas, onde fica o palácio presidencial. A manifestação reuniu milhares de pessoas – a maioria vestida de vermelho -, que carregavam bandeiras e faixas.

“Temos que vir defender a vitória do nosso presidente legítimo, Nicolás Maduro”, disse o ator Raúl Díaz, 35. “Estamos no começo de uma nova era, a era da consolidação da Revolução, a era do bem-estar”, afirmou o professor universitário Alí García, 69.

Maduro foi ratificado ontem pelo Conselho Nacional Eleitoral como presidente reeleito, e acusa os líderes da oposição de tentarem dar um golpe de Estado.

Com 11 civis mortos desde o início dos protestos espontâneos, na segunda-feira, em rejeição ao anúncio da reeleição de Maduro, e mais de mil presos, os líderes da oposição limitaram suas aparições públicas nos últimos dias.

Na sexta-feira, o líder da oposição e jornalista Roland Carreño, que já havia ficado preso entre 2020 e 2023 por acusações de “terrorismo”, foi detido novamente, conforme denunciado por seu partido Voluntad Popular, de Juan Guaidó e Leopoldo López.

De acordo com o Ministério Público, um militar também foi morto durante os protestos.

– Provas de fraude –

A oposição diz ter provas de fraude, e apresenta um site com cópias de mais de 80% das atas de votação em seu poder. O chavismo alega que os documentos são falsos. Segundo a oposição, González Urrutia recebeu 67% dos votos.

Ontem, em poucas horas, cinco países latino-americanos – Argentina, Uruguai, Equador, Costa Rica e Panamá – reconheceram a vitória de González Urrutia. O Peru havia sido o primeiro, na terça-feira.

Maduro agradeceu aos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; da Colômbia, Gustavo Petro; e do México, Andrés Manuel López Obrador, por seus esforços em prol de um acordo político na Venezuela. Entre os países que reconhecem Maduro estão Nicarágua, Rússia e Irã.

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