02/08/2024 - 23:52
A autoridade eleitoral da Venezuela confirmou nesta sexta-feira (02) a vitória do presidente Nicolás Maduro nas eleições de 28 de julho, que a oposição denunciou como uma fraude, na véspera de novas manifestações do chavismo e de seus adversários.
Após a ratificação, Maduro denunciou o que chamou de “golpe de Estado” apoiado pelos Estados Unidos, após o respaldo do chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, ao candidato opositor Edmundo González Uruttia, que afirma ter vencido as eleições.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a Maduro 6,4 milhões de votos (52%), contra 5,3 milhões de González (43%), representante da líder opositora Maria Corina Machado, que foi inabilitada.
O resultado sela o triunfo anunciado no domingo para um terceiro mandato de seis anos para o presidente esquerdista, embora, seguindo a linha de Washington, outros países como Argentina, Uruguai, Equador, Costa Rica, Peru e Panamá não o reconheçam.
“Os chamados e gritos de fraude por parte desse setor da direita, radical, criminosa e violenta da Venezuela foram múltiplos”, disse Maduro em uma coletiva de imprensa com correspondentes estrangeiros. “Eles não querem reconhecer os mecanismos nacionais e soberanos da Venezuela, apenas querem manter o show da farsa”.
A oposição afirma ter provas de fraude, com um site contendo cópias de 84% das atas de votação em seu poder. O chavismo afirma que os documentos são forjados.
Maduro criticou Blinken: “Ele se desespera, em um gesto incomum na diplomacia americana, e sai dizendo que eles têm os resultados. O que tem é a armadilha que tentaram impor.”
Maduro, no poder desde 2013, convocou para amanhã o que chamou de “a mãe de todas as marchas”, para celebrar os resultados. A oposição também convocou manifestações em todo o país, embora haja temor entre seus partidários depois que os protestos, que começaram na segunda-feira, resultaram em 11 mortes, segundo organizações de direitos humanos, e mais de 1.000 detidos.
“Precisamos continuar avançando para fazer valer a verdade. Temos as provas e o mundo já as reconhece”, afirmou Machado na rede X, dizendo ter passado para a clandestinidade por temer por sua vida.
Não está claro se González está em um local seguro como Machado. Sua última aparição pública foi junto com a dirigente na terça-feira, em uma concentração em Caracas que reuniu milhares de pessoas.
Maduro denunciou que “criminosos”, que vincula à oposição, planejam “um atentado” para este sábado nas proximidades do bairro de Caracas onde Machado convocou uma manifestação, e ordenou que as forças de segurança protejam “as áreas que estão sob ameaça”.
Maduro e outros candidatos à Presidência compareceram nesta sexta-feira à sede do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que os convocou após o presidente apresentar um recurso legal para pedir que a corte “certifique” a sua reeleição.
Nesse ato, vários candidatos pediram a publicação detalhada dos resultados, que o CNE ainda não divulgou alegando que seu sistema foi hackeado na noite da votação.
González, que tinha uma cadeira reservada à direita de Maduro, não compareceu. “Existem razões jurídicas conclusivas sobre a necessidade de salvaguardar as competências constitucionais do CNE”, explicou o opositor. “É dever do CNE garantir a transparência (…) sem omissão da sua parte e, eventualmente, uma usurpação de funções por outro órgão do Estado”, publicou nas redes sociais.
A oposição rejeita a competência do TSJ para validar os resultados. Na última quarta-feira, Maduro disse que tanto seu adversário quanto Machado deveriam estar “atrás das grades”.
O partido Vente Venezuela, de Machado, denunciou também nesta sexta que sua sede em Caracas foi vandalizada na noite anterior por seis homens armados não identificados.
“Continuamos firmes e vamos às ruas”, disse a dirigente Delsa Solórzano em coletiva de imprensa. “Maria Corina está bem, já a viram convocando a atividade de amanhã (sábado), ela estará conosco”.
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