01/08/2024 - 18:09
Policiais civis de São Paulo estão insatisfeitos com Tarcísio de Freitas (Republicanos) devido ao que consideram um tratamento desigual dispensado pelo governo estadual à categoria na comparação com os policiais militares.
De acordo com nota divulgada pelo Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo), a gestão promoveu um único reajuste aos agentes, em 2023, e ele foi mais favorável à PM.
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Na ocasião, os salários de servidores da Polícia Civil foram reajustados entre 14% e 24,64% — para escrivão de polícia da 3ª classe, maior alteração da corporação. Na PM, os reajustes foram de 26,0% a 34,2%. Em 2024, não houve concessão de reajuste aos policiais paulistas.
“O governo não sinalizou nem sequer a reposição anual da inflação. Além disso, não se fala mais em valorização dos policiais civis desde o reajuste concedido em 2023, apesar da promessa, na época, de que haveria correção da injustiça ocorrida com a preterição da Polícia Civil, que recebeu recomposição inferior à da PM”, disse Jacqueline Valadares, presidente do Sindpesp.
Procurada, a Secretaria da Segurança Pública disse ao site IstoÉ que as forças policiais do estado receberam um reajuste médio de 20% e, no mês de junho, “foi realizada a maior nomeação de profissionais da história da Polícia Civil, com mais de quatro mil candidatos para os cargos de escrivães, investigadores, delegados e médicos legistas”.
“Há, ainda, 3.386 policiais civis em formação e concursos em andamento para o preenchimento de 3.135 vagas para cargos de escrivão, investigador e delegado. A SSP segue trabalhando para valorizar os integrantes das forças policiais”, completou o órgão.
Tarcísio e a Polícia Civil
A relação entre a gestão estadual e a corporação tem atribulações desde o início do mandato de Tarcísio. Além da disparidade no reajuste, a administração paulista também autorizou policiais militares a exercer atividades de investigação, função dos agentes da Civil. Depois da reação da instituição, o governo recuou.
O Sindpesp lembrou essa medida na manifestação: “Nenhuma política de valorização da Polícia Civil foi sequer anunciada até o momento. Pelo contrário: há o que parece ser um movimento de retirada de atribuições da instituição, com a tentativa de transferência à PM, por exemplo, de lavratura de Termos Circunstanciados (TCs), o que vem sendo bastante criticado pelos policiais civis”.
Em fevereiro de 2024, o governo fez mudanças bruscas em postos-chave da PM para, segundo analistas da área, aproximar o comando da corporação das posições de Guilherme Derrite, secretário estadual de Segurança Pública.
Oficial da reserva da PM, Derrite foi comandante da ROTA (Rotas Ostensivas Tobias Aguiar), tropa de choque da corporação, e tem como uma de suas marcas à frente da SSP as Operações Escudo e Verão, que deixaram 84 mortos no litoral sul do estado.