Uma crise deixa a caserna em polvorosa, num script que envolve denúncia de suposto assédio e exoneração de um dos generais mais poderosos do Norte. O caso envolve uma funcionária terceirizada da Defesa, que fez visita a Manaus entre 15 e 19 de julho. À chefia em Brasília, ela denunciou por assédio sexual, numa festa, o general Ubiratan Poty, diretor do Programa Calha Norte, e o ex-coordenador de engenharia Armindo Nunes, demitidos dia 29. Embora ela não tenha apresentado provas, a Coluna apurou que o ministro da Defesa, José Múcio, telefonou para o general e pediu a sua demissão – e a dupla assentiu. A apuração segue com oitiva de testemunhas. Mas parte da cúpula do Exército ficou incomodada com o que considera decisão precipitada. Poty está à frente do Programa há cinco anos, sem casos suspeitos de irregularidades ou de conduta.

Há informes de que a funcionária terceirizada foi encaminhada para a missão a pedido do chefe da assessoria especial de Integridade do Ministério da Integração Nacional, Tiago Felipe Isidro. Questionado pela Coluna, o Ministério da Defesa confirmou que há negociação em andamento para passar o comando do Calha Norte, sob tutela dos militares desde a criação há 40 anos, para a pasta da Integração. O Calha Norte, um programa criado no Governo de José Sarney para apoio a ocupação regular de terras nas margens dos rios Solimões e Amazonas, em cinco Estados, além da segurança de fronteira, recebe quase R$ 1 bilhão por ano da União.

Denúncia de assédio sexual contra general expõe crise na Defesa e um projeto de levar para a Integração programa de quase R$ 1 bilhão por ano

Os gabinetes ao lado

Claudio Castro, governador do Rio de Janeiro
Claudio Castro, governador do Rio de Janeiro (Crédito:Divulgação/* Governo do Estado do Rio de Janeiro)

Muita gente desconfiou da capacidade de governabilidade de Claudio Castro, um “desconhecido” nacional que parou na cadeira de governador do Rio de Janeiro. Além de paciente na articulação, Castro tem time técnico na cúpula do Palácio elogiado em Brasília: Bernardo Rossi (Governo), Nicola Miccione (Casa Civil) e Rodrigo Abel (Chefe de Gabinete).

Guimarães: meio bilhão e foco no Senado

Líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE)
Líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE) (Crédito:Divulgação)

Preterido nas eleições como candidato a senador pelo Ceará – quando Lula da Silva apoiou Camilo Santana, agora ministro da Educação – o deputado José Guimarães (PT-CE) despejou mais de R$ 500 milhões em emendas para o seu Estado neste 1º semestre. A estratégia é afagar lideranças regionais, mostrar poder em Brasília a fim de garantir uma das duas vagas para o Senado na disputa de 2026, avalizado pelo presidente. Guimarães ficou conhecido quando assessor foi preso com dólares na cueca num aeroporto. Irmão do líder histórico José Genoíno, ainda tem apoio do mano nas articulações junto à cúpula do partido.

Um cargo “amaldiçoado” no MAPA Uma guerra pelo Calha Norte

Substituto do enrolado Neri Geller na Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Campos promete fazer uma devassa na pasta e já está “causando” nos corredores. Algumas reclamações já chegaram ao ministro Carlos Fávaro. Campos recebeu a missão do padrinho Gilberto Kassab, presidente do PSD, de viajar pelo País para se aproximar do setor agrícola, em especial usineiros do biodiesel. Mas o secretário foi avisado pela chefia que não tem orçamento para isso. “Está começando mal”, criticam dois assessores mato-grossenses de Favaro, que, claro, pedem anonimato.

STF engaveta seu maior mistério

Oito anos se passaram da descoberta de escuta no piso do gabinete de Luís Roberto Barroso no STF. Na Corte, não há dúvidas de que o alvo era o inquilino antecessor Joaquim Barbosa, que abdicou do tempo de Casa que lhe restava. PF e a Segurança do Supremo não sabem o que aconteceu ali.

No Rio não teve isso

Brasileiros turistas e de comitivas em Paris, em contato com a Coluna, mostram-se muito surpresos com a bagunça na segurança da cidade. Muitos passaram a levar seus cartões de acesso no bolso, com medo de furtos nos hotéis. Não é para menos. Os Jogos nem haviam começado, e comitiva australiana foi assaltada, e o craque Zico, roubado.

Defasagem na pista

A ANTT corre contra o tempo para preencher vagas em seus diferentes quadros. Chamou o Cebraspe para concurso com 50 vagas de especialista em regulação. O último foi em 2013. A agência tem defasagem de 47% de servidores, com 806 vagas não preenchidas em relação às 1.705 previstas na Lei nº 10.871. Apenas 899 estão ocupadas.

NOS BASTIDORES

PT agora é azul

O PT vai tirar o vermelho da sigla e de Lula. Os terno e gravata azuis usados por ele no pronunciamento da TV domingo passado estão no dress code. Ideia do marqueteiro.

Meus pêsames, talkey?

Jair Bolsonaro não abandonou uma praxe desde que vereador e deputado. Ler obituários de jornais cariocas, anotar nomes e mandar cartões para os familiares dos falecidos. Isso, quando não telefona.

Fumacinha desregrada

O Brasil tem mais de 3 milhões de adultos consumidores de cigarros eletrônicos, segundo dados da Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica. Sem regulação, esse comércio é operado integralmente pelo crime organizado, com sonegação.

Shows e dívida

Candidato à reeleição, Victor Cassiano (MDB), prefeito de Cametá (PA) – IDH 0,577 e R$ 1 bilhão em dívidas com a União –, abriu o cofre para pagar shows no fim de semana, como Banda Eva e Calypso.