30/07/2024 - 9:30
O chamado “Dream Team” do basquete dos Estados Unidos fez a sua estreia no último domingo, 28, contra a Sérvia na Olimpíada de Paris 2024, e com uma vitória contundente. LeBron James, Stephen Curry, Kevin Durant, entre outras estrelas da NBA, se juntam em busca de mais um ouro olímpico.
O nome de “Time dos Sonhos” surgiu em 1992, mas é usado como sinônimo para a seleção dos EUA na modalidade desde então. Naquela ocasião, era liderado por Michael Jordan, Larry Bird e Magic Johnson, referências no basquete americano.
A seleção de 1992 é tida como a maior da história desse esporte – e disputa esse título com outras modalidades -, mas só foi formada após repetidos fracassos diante da União Soviética nos Jogos Olímpicos e diante do Brasil, em casa, nos Jogos Pan-Americanos.
Todos os atletas da NBA que compuseram o Dream Team estão no Hall da Fama da liga. David Robinson e Michael Jordan também foram lembrados no da Fiba. Na abertura da Olimpíada de Paris, a seleção teve vídeos mostrados ao longo da cerimônia. Todos esses fatores colocam a equipe de 1992 como referência no quesito “time dos sonhos”. Mas, pelo menos nos números, não é a mais impactante da história dos Estados Unidos.
Em 1992, o elenco teve uma média de 23,2 pontos na temporada da NBA, com Michael Jordan sendo o líder no quesito (30 pontos); 32 anos depois, os 12 atletas que chegam para a disputa em Paris tiveram 23,8 pontos em suas respectivas franquias da NBA – Jayson Tatum, Jrue Holiday e Derrick White, do Boston Celtics, se juntam ao elenco como atuais campeões.
Joel Embiid se envolveu em polêmica antes da Olimpíada pois optou por defender os Estados Unidos. Nascido em Camarões, ele esteve perto de jogar pela França, mas acabou se naturalizando americano. De todos os jogadores, de 1992 e 2024, ele é quem tem a maior média de pontos (34,7 em sua última temporada pelo Philadelphia 76ers). “Eu sou americano, cara”, disse, quando hostilizado por torcedores franceses nos primeiros dias da preparação para os Jogos Olímpicos.
Nos demais critérios, o primeiro Dream Team leva vantagem. Em assistências, John Stockton (13,7) e Magic Johnson (12,5) lideram o quesito e puxam a média para 6,2 por partida na temporada. Os números de Magic levam em consideração a temporada 1990/1991, já que ele ficou fora da disputa no ano seguinte após ter sido diagnosticado como portador de HIV. Ele se aposentou da liga, mas retornou para compor o Dream Team.
Nos rebotes, 7,45 em média para o time de 1992, impulsionado por Karl Malone e Patrick Ewing (11,2 cada). Mas no quesito, é Anthony Davis, com 12,6, que lidera as estatísticas entre os dois elencos.
Até a Olimpíada de Barcelona, apenas jogadores amadores e universitários eram escalados nas competições internacionais, por decisão da Federação Internacional de Basquete. Em 1989, essa regra foi derrubada e a delegação americana optou por levar os melhores talentos para os Jogos de 1992. Surge então o Dream Team que, dos 12 convocados, 11 atuavam como profissionais na NBA – a exceção foi Christian Laettner, que defendia a universidade de Duke à época.
Seleção de 2024 é mais vitoriosa
Ainda será preciso ver como a seleção americana se sairá na Olimpíada de Paris para comparar o desempenho, em conjunto, com o elenco anterior. O Dream Team 1 venceu todos os adversários por mais de 100 pontos, com uma margem de vitória média de 43,75 por partida. Por outro lado, o elenco de 2024 é mais vitorioso na NBA do que o antecessor.
Em 1992, apenas Larry Bird, Scottie Pippen, Michael Jordan e Magic Johnson já haviam sido campeões da liga quando disputaram as Olimpíadas. Em 2024, LeBron James, Stephen Curry, Kevin Durant, Jayson Tatum, Anthony Davis, Jrue Holiday e Derrick White conquistaram ao menos um anel ao longo das carreiras.
Não somente isso, mas o número de Jogadores Mais Valiosos (MVP) em 2024 é ligeiramente superior: quatro (LeBron James, Stephen Curry, Kevin Durant e Joel Embiid) contra três (Michael Jordan, Larry Bird e Scottie Pippen). Em relação a nomeações ao Jogo das Estrelas da NBA, o time de 2024 soma 78 participações, enquanto o de 1992, 71.
Comparações com 1992
Ao longo da preparação para os Jogos Olímpicos, não faltou comparações entre as duas equipes. Primeiramente, pela razão em que o elenco de 2024 foi formado: após fracassar nos Mundiais de basquete de 2019 e 2023, em que terminou fora do pódio, a seleção americana se viu criticada internamente. Além disso, Noah Lyles, velocista americano – que competirá nos Jogos Olímpicos de Paris – fomentou esse debate, ao afirmar que os campeões da NBA não podem se considerar “campeões mundiais”.
“Sabe, o que mais me dói é que tenho que assistir às finais da NBA e eles têm o título de ‘campeão mundial’ na cabeça. Campeão mundial de quê? Dos Estados Unidos? Não me interpretem mal. Eu amo os EUA – às vezes – mas esse não é o mundo. Esse não é o mundo. Nós somos o mundo. Temos quase todos os países aqui lutando, prosperando, colocando suas bandeiras para mostrar que estão representados. Não há bandeiras na NBA. Precisamos fazer mais. Precisamos ser apresentados ao mundo”, disse, em 2023.
Das 30 franquias que disputam o título da NBA, apenas uma – Toronto Raptors – não é dos Estados Unidos. Mesmo assim, essa fala foi alvo de críticas dos atletas. “Alguém ajude esse cara”, escreveu Kevin Durant. Um ano depois, o atleta do Phoenix Suns é uma das principais estrelas desse time que busca a ‘redenção’ em Paris. E usa das comparações com 1992 a seu favor.
Uma foto clássica de Larry Bird, Michael Jordan e Magic Johnson, em 1992, foi recriada por Curry, LeBron e Durant – a nova versão ainda não foi divulgada. Quando perguntados sobre quais jogadores de 1992 eles mais se assemelham, Durant respondeu Jordan, Tatum escolheu Bird, ídolo dos Celtics, e Curry, Chris Mullin.
A ideia é restabelecer a hegemonia no basquete Fiba. E os números nos amistosos pré-Olimpíada mostram que o caminho não será tão fácil. Foram cinco vitórias, com média de dez pontos de vantagem em cada uma. Contra o Sudão do Sul, no duelo mais complicado, LeBron James conquistou a vitória, por apenas um ponto, na última posse dos Estados Unidos.
“Podemos ficar ainda melhores. Estamos num momento de conforto com as rotações e os jogadores estão se entrosando. Mas podemos fazer muitas coisas de formas melhores. Podemos amarrar nosso jogo ainda mais e evoluir”, afirmou Steve Kerr, que comanda o Dream Team de 2024.
Confira a delegação do basquete dos Estados Unidos em Paris 2024:
LeBron James (ala, Los Angeles Lakers)
Stephen Curry (armador, Golden State Warriors)
Kevin Durant (ala, Phoenix Suns)
Joel Embiid (ala, Philadelphia 76ers)
Anthony Edwards (pivô, Minnesota Timberwolves)
Anthony Davis (ala-pivô, Los Angeles Lakers)
Devin Booker (ala-armador, Phoenix Suns)
Jayson Tatum (ala, Boston Celtics)
Jrue Holiday (ala-armador, Boston Celtics)
Bam Adebayo (pivô, Miami Heat)
Tyrese Haliburton (ala-armador, Indiana Pacers)
Derrick White (ala-armador, Boston Celtics)
Dream Team dos Estados Unidos em Barcelona 1992:
Christian Laettner (ala-pivô, Duke University)
David Robinson (pivô, San Antonio Spurs)
Patrick Ewing (pivô, New York Knicks)
Larry Bird (ala, Boston Celtics)
Scottie Pippen (ala, Chicago Bulls)
Michael Jordan (ala-armador, Chicago Bulls)
Clyde Drexler (ala-armador, Portland Trail Blazers)
Karl Malone (ala-pivô, Utah Jazz)
John Stockton (armador, Utah Jazz)
Chris Mullin (ala, Golden State Warriors)
Charles Barkley (ala-pivô, Phoenix Suns)
Magic Johnson (armador, Los Angeles Lakers)