22/07/2024 - 10:28
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não conseguiu convencer completamente o Partido Democrata e seu eleitorado de que estava apto para derrotar Donald Trump nas eleições presidenciais deste ano. Com 81 anos de idade, Biden viu o apoio à sua candidatura ruir após uma série de gafes, especialmente depois do debate presidencial de julho. Neste domingo, o presidente retirou oficialmente seu nome da disputa manifestou apoio a Kamala Harris, sua vice.
+ Além de Kamala Harris, quem são os cotados para substituir Biden nas eleições dos EUA
Biden já gerava desconfiança por conta da sua idade quando foi eleito em 2021. Durante o começo do mandato, o chefe do Executivo já acumulava alguns deslizes, como nos episódios em que tropeçou na frente dos eleitores e quando caiu de bicicleta. Nos últimos dois anos, porém, os eventos ficaram mais frequentes.
Relatório do governo aponta falhas de memória
Em 8 de fevereiro de 2024, um relatório do conselheiro especial Robert Hur afirma que Biden demonstra “faculdades mentais comprometidas”, “memória falha” e “problemas cognitivos”. O documento iniciou uma pressão do Partido Democrata sobre Biden.
No mesmo dia, o presidente, ao tentar se defender das alegações de Hur, confundiu o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, com o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador.
Debate presidencial
No primeiro debate contra Donald Trump em julho deste ano, Biden teve desempenho considerado catastrófico pela imprensa e por analistas estadunidenses. O presidente titubeou em diversas falas, apresentou lapsos de memória e preocupou o eleitorado.
Em resposta às críticas, Biden atribuiu o fracasso no debate ao cansaço acumulado após uma série de viagens internacionais.
“Não foi muito inteligente ter viajado pelo mundo algumas vezes pouco antes do debate”, disse. “Quase dormi no palco.”
Putin ou Zelensky?
Em 11 de julho, durante discurso na Cúpula da Otan, Biden chamou Volodymyr Zelensky de “Putin”, presidente da Rússia e maior rival do chefe do Executivo ucraniano.
“Agora quero passar [a palavra] para o presidente da Ucrânia, que tem tanta coragem quanto determinação. Senhoras e senhores, presidente Putin”.
Segundos depois, percebeu o erro e se corrigiu. “Presidente Putin? Ele vai derrotar o presidente Putin! Presidente Zelensky! Estou tão focado em derrotar Putin que temos que nos preocupar com isso”.
Kamala Harris ou Trump?
No mesmo dia em que confundiu os nomes de Putin e Zelensky, Biden confunciu a vice-presidente Kamala Harris com Donald Trump, candidato do Partido Republicano à presidência.
“Eu não teria escolhido o vice-presidente Trump para ser vice-presidente se não achasse que ela não fosse qualificada (sic)”, afirmou.
Doadores abandonam campanha e Biden se vê isolado
Embora a resposta formal do Partido Democrata sempre tenha sido a de confiança na candidatura de Biden, o presidente já não era unanimidade na legenda. Megadoadores começaram a congelar o financiamento de campanha, e figuras públicas reivindicavam a desistência do presidente.
O ator George Clooney, um dos ícones do Partido Democrata no meio artístico, escreveu um artigo de opinião no “New York Times” que dizia que precisavam “de outro candidato”. O próprio jornal chegou a publicar editoriais pedindo que Biden considerasse deixar o pleito.
Neste domingo, 21, o presidente desistiu de disputar a reeleição, abrindo caminho para que um novo nome democrata assuma a candidatura.
“Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me afaste e me concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato”, publicou, em um comunicado na rede X (antigo Twitter). “Falarei à Nação ainda esta semana com mais detalhes sobre minha decisão.”