A Polícia Federal acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de elevar o próprio patrimônio com a venda das joias presenteadas pelo governo árabe. A acusação está no relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e divulgado nesta segunda-feira, 8.

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De acordo com a PF, Bolsonaro teria obtido R$ 6,8 milhões para elevar seu patrimônio com a venda dos bens. No valor, não está contabilizado um relógio, um barco e uma palmeira de ouro.

“Portanto, o valor parcial dos presentes entregues por autoridades estrangeiras ao então presidente da República Jair Bolsonaro, ou por agentes públicos a seu serviço, que foram objeto da atuação da associação criminosa, com a finalidade de propiciar o enriquecimento ilícito do ex-presidente, mediante o desvio ao seu patrimônio pessoal, somou o montante de US$ 1.227.725,12 ou R$ 6.826.151,66”, afirma a PF.

Esse valor teria custeado a hospedagem dele e de sua família durante a estada nos Estados Unidos entre janeiro e março de 2023. Na avaliação dos investigadores, o custeio de despesas era uma das formas usadas por Bolsonaro para reintegrar o valor de forma lícita.

“Tal fato indica a possibilidade de que os proventos obtidos por meio da venda ilícita das joias desviadas do acervo público brasileiro, que, após os atos de lavagem especificados, retornaram, em espécie, para o patrimônio do ex-presidente, possam ter sido utilizados para custear as despesas em dólar de Jair Bolsonaro e sua família, enquanto permaneceram em solo norte-americano”, declara o relatório.

“A utilização de dinheiro em espécie para pagamento de despesas cotidianas é uma das formas mais usuais para reintegrar o ‘dinheiro sujo’ à economia formal, com aparência lícita”, completa.

A PF indiciou o ex-presidente por lavagem de dinheiro e associação criminosa. Outras 11 pessoas também são suspeitas de participarem do esquema.

Os investigadores também indiciaram os advogados Fábio Wajngarten e Frederick Wassaf, além do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, um dos delatores do esquema. O ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque também foi indiciado no processo.

Nesta segunda, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou o sigilo do processo e enviou os autos à Procuradoria-Geral da República (PGR). A PGR terá 15 dias para apresentar um parecer ou solicitar novas informações à Polícia Federal.