26/06/2024 - 12:01
NAIRÓBI, 26 JUN (ANSA) – O presidente do Quênia, William Ruto, anunciou nesta quarta-feira (26) que desistiu do projeto de lei tributária que levou a uma violenta onda de protestos contra o aumento de impostos no país, culminando em uma invasão ao Parlamento na terça-feira (25).
“Depois de ter escutado atentamente o povo do Quênia, que disse forte e claro que não quer ter nada a ver com essa lei financeira, abaixo a cabeça e não a assinarei, e portanto será retirada”, disse Ruto em um pronunciamento à nação.
A aprovação do texto pelo Parlamento foi o que intensificou as manifestações. O objetivo era arrecadar US$ 2,3 bilhões com o aumento das tributações, em um país que tem seu PIB consumido pelos juros da dívida. Agora, o texto será enviado novamente ao Legislativo com uma série de emendas e pontos-chave para modificações.
Segundo a Comissão do Quênia para os Direitos Humanos (Knhrc), ao menos 22 pessoas foram mortas em confronto com agentes de segurança durante os protestos.
Em entrevista à Citizen TV, a presidente da Knhrc, Roseline Odede, afirmou que se trata do número mais alto de vítimas em um único dia de manifestações na história do país.
Uma estimativa divulgada anteriormente pela associação profissional de médicos do país falava em 13 vítimas fatais, em um balanço ainda provisório. A entidade destacou a atipicidade do nível de violência que foi empregado contra pessoas jovens e desarmadas.
Segundo a polícia, 20 agentes ficaram feridos e uma viatura foi queimada. O hall do edifício do Parlamento e outros escritórios administrativos também foram incendiados.
Antes de ceder, a reação imediata do presidente do país havia sido de classificar os protestos como “traição”, anunciando a mobilização de homens do exército para conter a movimentação das ruas.
Líderes da sociedade civil, opositores e seu antecessor, Uhuru Kenyatta, porém, pediram que ele abrisse um diálogo com os manifestantes. (ANSA).