A Polícia Federal indiciou, nesta quarta-feira, 12, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), por suspeita de integrar uma organização criminosa e cometer o crime de corrupção passiva nos desvios de recursos de obras de pavimentação custeadas com dinheiro da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba).

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Segundo a Polícia Federal, Juscelino, enquanto atuava como deputado federal, teria custeado, por meio de verbas de emendas parlamentares, obras com irregularidades em Vitorino Freire (MA), cidade governada por Luanna Rezende, irmã do ministro.

Em nota, Juscelino Filho aponta que a investigação nada tem a ver com a gestão à frente do Ministério das Comunicações. Ele ainda acusou os investigadores de não o deixarem prestar esclarecimentos detalhados sobre as acusações.

Primeiro ministro de Lula envolvido em investigações da PF, o chefe das Comunicações acumula controvérsias em sua carreira política. Além da investigação que também recai sobre sua irmã, o político já esteve envolvidos em episódios como ocultação de patrimônio e uso de avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir a um leilão.

Relembre o histórico de polêmicas

Ocultação de patrimônio

Em fevereiro de 2023, Juscelino Filho teria deixado de informar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um patrimônio de pelo menos R$ 2,2 milhões em cavalos de raça na declaração de bens referente ao ano anterior, quando foi eleito deputado federal pelo Maranhão.

Segundo o Estadão, quando fez a declaração ao TSE em 2022, Juscelino teria ao menos 12 cavalos da raça Quarto de Milha, adquiridos em leilão. Em 2014, quando concorreu ao primeiro cargo, o atual ministro declarou vários animais. Já em 2018 e 2022, ele não mencionou nenhum animal.

Em 2023, o ministro declarou um patrimônio de R$ 4,4 milhões – incluindo fazendas, carros, metade de uma aeronave, apartamento e o terreno onde está instalado um haras. Segundo o Estadão, o valor é o mesmo que ele teria movimentado em leilões desde 2018, quando teria vendido 14 animais da raça.

Uso de avião da FAB

Quando já era ministro, Juscelino teria usado um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para cumprir agendas pessoais, incluindo um leilão de cavalos em São Paulo. O caso rendeu investigação da Comissão de Ética da Presidência da República.

O político justificou afirmando que a viagem para São Paulo seria uma agenda “urgente”. A agenda, porém, teria duração de apenas três horas, mas Juscelino ficou em São Paulo por quatro dias e, naquele final de semana, assessorou compradores de animais, recebeu prêmio de criadores e inaugurou uma praça em homenagem a um cavalo do seu sócio.

Segundo o Estadão, a viagem teria custado cerca de R$ 140 mil. Ao ser questionada, a defesa do ministro respondeu que a viagem “se tratava de agenda oficial” e tinha “claro interesse público”.

Estrada em benefício próprio

O atual ministro teria mandado asfaltar uma estrada que passa por fazendas da família com dinheiro do orçamento secreto, recebido quando era deputado federal.

Segundo o Estadão, Juscelino teria indicado R$ 5 milhões em emendas do orçamento secreto que foram usados para melhoria de 19 quilômetros da estrada que circunda ao menos oito fazendas da família.

Outra parte da verba Juscelino teria destinado à cidade de Vitorino Freire para contratar pelo menos quatro empresas de amigos, ex-assessores e uma cunhada do ministro.

Quem é Juscelino Filho

José Juscelino dos Santos Rezende Filho é um político filiado ao União Brasil. Nomeado por Lula após intensa negociação com o Centrão, Juscelino tem três mandatos como deputado federal pelo Maranhão — o último interrompido após ser nomeado ministro das Comunicações.

Médico radiologista, Juscelino não tem experiência na área de Comunicações, mas vem de uma família influente no Maranhão.

No passado, Juscelino apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e foi apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).