20/05/2024 - 7:43
Com 62 usinas próprias e quase dez mil quilômetros de linhas de transmissão, a Copel leva energia a mais de 5 milhões de unidades consumidoras no Paraná. Em março deste ano, a companhia assinou um contrato de cinco anos com o Google Cloud, a fim de obter uma infraestrutura de TI mais flexível, escalável e segura. Para entender melhor como vai funcionar o acordo, a coluna conversou com Marcos Camillo, superintendente de Tecnologia da Informação da companhia. Confira a seguir os principais trechos da conversa.
Quais os motivos que levaram a Copel a apostar na nuvem?
Já temos algumas estruturas de cloud dentro da Copel. Temos bancos de dados Oracle e outras aplicações já conectados à nuvem desse fornecedor. E usamos produtos da Microsoft em forma de SaaS. O que estamos agora começando é um aprofundamento dessa migração para cloud.
A migração para cloud na Copel é um dos pilares de um movimento de transformação digital da empresa, como um todo. Esse processo passa também por cultura, que foi um dos fatores que também pesou nessa parceria com o Google. Para nós é importante entender a cultura de uma empresa referência que é o Google e saber como ela pode nos ajudar nesse movimento de transformação.
Vocês operam data centers? Como eles ficarão com o processo de migração?
Temos dois data centers, aqui em Curitiba. Atualmente não temos um plano para desativá-los. No nosso setor de energia são poucas as empresas que fazem migrações 100% para a nuvem. Uma parte sempre é mantida em estrutura própria por questões de segurança, redundância de dados e outros fatores. Temos uma parceria com a Celepar (Companhia de Tecnologia e Comunicação do Paraná) para o uso desses data centers. Então já é um processo otimizado em questão de custos.
Qual é a previsão para que o projeto de migração esteja consolidado?
A nossa previsão para que essa migração já esteja fortemente estabelecida é de três anos, a partir do segundo semestre deste ano. Neste primeiro semestre estamos preparando esse ambiente de nuvem levando em conta questões de segurança, desempenho, conectividade etc.
Nós aqui não vamos adotar a migração ‘lift and shift’ (nota do editor: processo de migração mais ‘básico’ e rápido, em que as aplicações são migradas com poucas modificações e não aproveitam os recursos da nuvem em sua totalidade). Atualmente temos cerca de 400 aplicações em nossa estrutura de TI. A maioria deve ir para nuvem. Mas uma grande parte deve sumir, e outra grande parte deve ser reconstruída para aproveitar melhor os recursos de cloud.
Como é o processo para definir quais aplicações serão migradas primeiro?
As aplicações a serem migradas primeiro são as que gerarem mais valor. Por exemplo, alguns processos internos aqui têm 4 ou 5 aplicações para fazer basicamente a mesma coisa. Nesses casos, vamos possivelmente pensar em ter uma única aplicação. As aplicações que ficarem muito para o fim da fila da migração provavelmente serão desativadas.
Uma aplicação que deve ser modernizada logo de início é a nossa solução que lida com dados de hidrologia, como medição de nível de água em reservatórios. Nosso site também será reformulado com uma busca mais eficiente logo nessa primeira etapa.
Claro que nesse movimento entram os novos recursos que a nuvem traz, como os modelos de IA generativa e os recursos já mais conhecidos de inteligência artificial. O Google Cloud traz uma série de modelos disponíveis na plataforma. Eu não preciso necessariamente usar o Gemini, posso usar modelos de outras empresas. Tudo em um ambiente controlado.
Outro ponto importante é a rapidez no desenvolvimento. Se pegarmos um exemplo de uma aplicação simples em Java, poderia demorar três meses para desenvolver. Atualmente, com soluções de low code, fizemos aqui internamente uma solução semelhante em três semanas. E com a nuvem entendemos que poderia cair para uma semana. E tudo isso, claro, resulta em um tempo menor para levar a solução para o uso dos clientes ou de nossos funcionários.